E se a Eurosondagem tivesse vergonha?

Nacional

A cadela do fascismo está sempre no cio e o chefe da Eurosondagem anuncia que tem um novo patrocinador (o Grupo Libertas, da especulação imobiliária) no mesmo “estudo” (as aspas são mesmo dele) em que especula (com a nossa inteligência, não com a habitação) como (preparem-se) “seria o voto nas autárquicas se fosse igual às presidenciais”. Uma brincadeira a que o Nascer do Sol tem o despudor de apelidar de “projecção” e “sondagem”.

Trata-se, em primeiro lugar, de uma ilegalidade flagrante. Em Portugal, todas as sondagens têm de cumprir a lei que diz, por exemplo, que apenas entidades credenciadas podem publicar estes estudos (não consta que Rui Oliveira e Costa seja uma entidade certificada pela ERC) e que esses estudos devem ser levados a cabo garantindo que “a interpretação dos resultados brutos deve ser feita de forma a não falsear ou deturpar o resultado da sondagem”. Agarrar nos resultados brutos de umas eleições presidenciais e transpô-los para as autárquicas é todo um tratado sobre deturpação e falseamento. Mas as ilegalidades não se ficam por aqui: a lei também obriga a que todas as sondagens que se apresentem como tal tenham ficha técnica, metodologia, margem de erro estatístico, depósito na AACS, etc.

Pontos extra de “rigor intelectual” por escrever “Hangra do Heroísmo”

A “sondagem” de Rui Oliveira e Costa, que responde por “politólogo” não pode ter ficha técnica, porque ele não fez sondagem nenhuma; não pode mostrar metodologia porque não houve nenhuma” e só não diz qual é a margem de erro porque ela é de 100%.

No fundo, o que faz o avençado do Grupo Libertas é o equivalente metodológico a fazer um “estudo” em que imaginamos qual seria a intenção de voto do PCP se as autárquicas fossem na Quinta da Atalaia, como seriam as baleias se fossem como as formigas ou como seriam estes “estudos” da Eurosondagem se não fossem dirigidos por grandes grupos económicos embeiçados do Chega, amor que até se compreende, considerando a solução dos fascistas para os problemas da habitação é o que transcrevo abaixo:

«A nossa proposta [sobre a habitação] é simples e clara: deixar o mercado funcionar. Caso isso seja feito, rapidamente a vida nessas grandes cidades costeiras se tornaria incomportável para parte substancial da sua população que rapidamente se dirigiria às cidades do interior, onde a vida é substancialmente mais barata».

O frete ao Chega é tão declarado que logo André Ventura se apressou a celebrar, na sarjeta das suas redes sociais conspurcadas pelo ódio, a “sondagem” em que PS e PSD nem sequer surgem porque, tranquiliza-nos Rui Oliveira e Costa, “não é, para um politólogo, possível com um mínimo de rigor intelectual dividir os votos de Ana Gomes e de Marcelo Rebelo de Sousa por partidos. Seria banha de cobra e não trabalho sério”.

Sim, Rui Costa termina mesmo enfiando as palavras “seriedade”, “rigor intelectual” e “banha da cobra” no mesmo parágrafo. É quanto vale a palavra, o lei ou uma a credencial da ERC para continuar a brincar às “sondagens”.

1 Comment

  • manuel amorim

    29 Março, 2021 às

    porco vagabindo desonesto.

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