Os polícias do Ventura

Nacional

9 sindicatos das forças de segurança organizaram a manifestação de hoje. 2 convocaram, 7 juntaram-se. As suas reivindicações? Mais do que justas:

Devolução do valor retirado ilegalmente, nos suplementos, em tempo de férias, desde 2011;
Aplicar o subsídio de risco conforme aprovação na AR;
Atualização da tabela remuneratória;
Garantir que o desconto para o SAD, já de valor exagerado, seja feito só nos 12 meses por ano;
Aplicar a legislação da fiscalização da saúde e segurança no trabalho e considerar a profissão de polícia de desgaste rápido;
Cumprimento do previsto no estatuto da PSP no que refere a pré-aposentação, com desvinculação dos polícias, se o desejarem, aos 55 anos de idade.
(retirado do comunicado conjunto dos sindicatos organizadores da manifestação emitido a 20 de novembro de 2019)

Tudo estaria bem. Mas será que deve ser ignorado tudo o que rodeou esta manifestação?

Por partes:

1 – A manifestação chama-se Tolerância Zero, como se não existisse um movimento anónimo chamado Movimento Zero, em que alguns dos elementos partilham ideologias nazi-fascistas, estão identificados nas suas páginas de facebook com organizações nazis, são abertamente racistas e cujos elementos apoiam Ventura.

2 – Foi expressamente solicitado que não houvesse identificação partidária. Não obstante, as cores dominantes eram as da bandeira nacional numa clara demonstração de nacionalismo, com tudo o que isso implica.

3 – Ventura foi recebido com gritos, aplausos, quase levado em braços. Dirigiu-se à carrinha de som, dos sindicatos que organizaram a manifestação, e ninguém o impediu. Apenas duas associações sindicais lamentaram mas ninguém o impediu de aceder à viatura e aí falar para os manifestantes que desmobilizaram imediatamente a seguir.

4 – Nenhum dos sindicatos se opôs a que o Movimento Zero há duas semanas anunciasse a manifestação como sua nem se demarcou da sua adesão ou, pelo menos, deixou claro que não se revê nas afirmações racistas e xenófobas de muitos dos profissionais de segurança que pertencem a este movimento. Não senhor. Deixaram-nos cavalgar nas suas justas reivindicações para promover a sua imagem, o seu movimento.

5 – Durante todo o percurso, centenas de manifestantes fizeram repetidamente um gesto associado à supremacia branca.

Nenhuma associação sindical saiu reforçada hoje. Aliás, desconfio que esse tenha sido mesmo o principal objectivo. A ASPP nunca precisou de movimentos para se afirmar. A APG também não. Permitiram que estes liderassem os manifestantes. Permitiram que um racista e xenófobo tomasse a liberdade de falar em seu nome. E permitir é concordar.

Enquanto o movimento sindical das forças de segurança deixar que estas ideias se espalhem sem muros de betão, a Direcção Nacional da PSP assista impávida e serena – e a própria polícia sabe do que são capazes ou não teria tido a mobilização e os meios que teve – e Cabrita continue a fingir que tudo está bem – eles vão tomando todas as forças de segurança com o seu populismo, o seu racismo e o perigo das suas ideias, desfazendo as justas reivindicações das forças de segurança, instrumentalizando trabalhadores e associações e engrossando a base social de apoio do partido fascista no parlamento.

E quem achar que isto é uma história da carochinha, pense melhor. O mundo é um lugar perigoso e também os agressores são muitas vezes os que nos deviam defender.

15 Comments

  • Unknown

    25 Dezembro, 2019 às

    Embora atrasado por só agora ter conhecido o "Blogue", não posso deixar de salientar a verdade do escrito. Os sindicalistas acobardaram-se. Será que temeram igual destino ao do seu colega, que nada mais fez do que falar verdade? Cuidado! Não com a maioria dos agentes que prestam serviço na PSP e GNR, mas com os "chuis" que ali trabalham também e gostam e gabam-se de maltratar minorias, nomeadamente, pretos, ciganos e gatunos indefesos.

  • Jose

    23 Novembro, 2019 às

    O Chega chega a preocupar a esquerdalhada…

    • Nunes

      23 Novembro, 2019 às

      Através do blog «Ladrões de Bicicletas» já há quem procure mais referências a teu respeito, como por exemplo a tua morada. Queres continuar na provocação barata? Já sabes que quando se conseguir a tua morada e dados, é «Game Over». Queres continuar a ser estúpido?

    • Jose

      26 Novembro, 2019 às

      Ó Nunes, pois tu estás para me «Game Over»?
      Cum caraças!
      Vens sozinho?

    • Nunes

      27 Novembro, 2019 às

      Esta semana ou na próxima vais ter uma má surpresa.
      Não te queixes, cabrão.
      A tua desgraça vem aí… virá depressa.

    • Jose

      28 Novembro, 2019 às

      Esta semana tenho pouco vagar.
      Talvez na próxima te possa atender.

    • Nunes

      29 Novembro, 2019 às

      Quando deres com a chatice, já vai ser tarde.
      Nuvens negras se aproximam de ti, Jose.

    • Jose

      30 Novembro, 2019 às

      O que posso eu fazer, Nunes, para aplacar a tua maldade, Nunes?
      Porque me trazes neste terror, Nunes?

    • JE

      30 Novembro, 2019 às

      Jose e o Chega

      Uma espécie de "chega aí o seu pézinho" a negar o que é o Chega?

      Ou a tentar negar-se a si próprio

      Ele, logo ele, tão solícito personagem…

      Está de amores, mais uma vez

    • JE

      30 Novembro, 2019 às

      Adivinha-se aquela ternura…aquela ternura por parte de jose, por aquela fraude do Ventura, a tentar arranjar espaço para a sua ideologia de trampa.

      Aquele jeito meio senil de salazarento personagem este de jose, a tentar chutar para o lado…para não lhe machucarem as balls do seu idolo

      Deixemos o esgoto e passemos a coisas sérias.

      A um bom texto a merecer reflexão ( este, de Lúcia Gomes) junte-se um outro que também merece bastante atenção

      http://foicebook.blogspot.com/2019/11/uma-imprensa-de-sargeta-e-promocao-da.html

    • Jose

      2 Dezembro, 2019 às

      Realmente o marxismo é a solução universal: se não os tens para fazer a revolução atira-te às dívidas que acabas por ter de assaltar à mesma.

    • Nunes

      4 Dezembro, 2019 às

      O «Jose» e o nazismo… O «Jose» e o fascismo…
      A nuvem negra vem aí, «Jose»… Não podes fugir…
      Não podes escapar… nem chorar…
      A tua vida vai ser agora «stress» e aflição, em movimento contínuo.

  • Refer&ncia

    22 Novembro, 2019 às

    Parabéns! Uma visão lúcia, perdão, lúcida de uma manifestação com justas reivindicações apropriada por um movimento fráccionário racista e xenófobo. Sabemos que a miséria, os baixos salários e a ausência de direitos laborais são o caldo de cultura dos racismos e xenofobias. A história mais e menos contemporânea está aí a prová-lo. A justiça ainda lidera o movimento sindical nas forças policiais, é crucial não perder essa liderança para movimentos populistas, racistas e xenófobos que fácil (e "naturalmente" !) estão há meses a cavalgar justas reivindicações adicionando-lhes populismos xenófobos. Como? Retirando-lhes o tapete, exigindo condições de trabalho e remunerações dignas tanto ou mais do que fazemos noutros setores do proletariado, repito, tanto o u M a i s.

  • Unknown

    22 Novembro, 2019 às

    Num país de governo chega os policias não tem sindicatos são polícias para a repressão com deveres sem direitos

  • Venancio81

    22 Novembro, 2019 às

    Não concordo.
    Associarem um movimento que surgiu em virtude de sucessivas agressões a Agentes de Autoridade (é como seja a todo o povo Português) á extrema direita apenas por um movimento corporal fazendo um 0 com a mão, é de uma pequenez muito mesquinha.
    Quanto ao Deputado A.Ventura o mesmo falou umas breves palavras, nada mais que isso.
    Não sei o porquê de tanta histeria quando no passado, desconheço se hoje também, já compareceram nas manifestações de policias entidades conotadas com a Esquerda Política.

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