Para quando bandeiras da Dinamarca à janela?

Internacional

Houve, recentemente, um presidente eleito (e quase empossado) que fez uma ameaça à integridade territorial da União Europeia. Até à data, que se saiba, ainda ninguém na União Europeia ameaçou os EUA com sanções. Fazer como fizeram e fazem com a Rússia, por exemplo, por causa de estados que nem sequer são membros da UE. Ninguém usou de discursos encrespados e insultuosos, ficando-se antes por uma tímida resposta, para não parecer muito mal, como a do ministro do exterior francês que disse «muito violentamente» que “é evidente que a UE não permitirá tal coisa”. Atendendo a que o único parceiro bélico de Bruxelas tem sido os EUA, como se defenderá a UE de uma «invasão» por parte dos EUA?

Houve, recentemente, um presidente eleito (e quase empossado) que fez uma ameaça a um estado-membro da NATO. Até à data, que se saiba, ainda ninguém na NATO ameaçou os EUA com «o famoso artigo 5.º». Fazer como fizeram e fazem com a Rússia, por exemplo, por causa de estados que nem sequer são membros da NATO. Nenhum dos membros da dita aliança atlântica invocou a necessidade de desencadear, desde já, retaliações, ou de preparar a mobilização de tropas a título «preventivo». Atendendo a que o poder da NATO reside nos EUA, como se defenderá a NATO de uma «invasão» dos EUA?

Houve, recentemente, um presidente eleito (e quase empossado) que fez uma ameaça a um estado-membro da UE e simultaneamente da NATO. Até à data, que se saiba, ainda ninguém do governo português se insurgiu galhardamente contra esta posição de ataque ao «interesse comum» da «nossa UE» e da «nossa NATO». Fazer como fizeram e fazem com a Rússia, por exemplo, por causa de estados que nem sequer são membros da UE ou da NATO. Não se ouve Montenegro, não se ouve Rangel, apesar do discurso securitário estar muito nas respectivas agendas, regurgitarem a necessidade de se garantir o respeito pela integridade territorial de um dos seus parceiros e aliados. Atendendo a que, há décadas, Portugal não mexe uma palha ou toma posição no tabuleiro geoestratégico e militar internacional sem ser por via das directrizes dos EUA, como se defenderá Portugal da ameaça dos EUA?

Tudo isto podia ser só o efeito colateral da chegada ao poder de «um maluco», assim mesmo desculpabilizado e menosprezado, que mais tarde ou mais cedo acabaria por ceder à «parceria» e à sacrossanta diplomacia ocidental. Assim seria se isto não fosse aquilo que verdadeiramente é: a contradição insanável de um imperialismo cujo sistema económico que o suporta agoniza, desesperado, no meio de uma depauperada situação económica e financeira, e que não pede licença para matar porque senão morre. E quem continuar a ver em Trump e nas suas atitudes um «maluco» e respectivas «maluquices», não percebe que os EUA não olharão a meios para resolver o «seu problema», custe o que custar. Não perceberá nunca, ou não quererá perceber, que a «afinidade» dos EUA com a Europa ou qualquer outra latitude do globo se resume hoje e sempre a uma só frase: “it’s the economy stupid”.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *