A mais reluzente e vibrante estrela do universo laranjinha – agora imaginemos o que não nos reservariam as “cadentes”… – entrou de forma triunfal na sua nova tarefa de líder da bancada parlamentar. Naquilo que mais pareceu birra de afirmação pessoal, ou quiçá apenas tentativa infantilóide de captar atenções, logo que foi eleito, Hugo Soares começou por destratar, pública e grosseiramente, o presidente da Assembleia da República. Sem mais nem porquê, a trote de argumentos pífios, acusou Ferro Rodrigues de desrespeitar o órgão a que preside.
Primeiro, levanta o manto da suspeição, pondo tudo e todos em causa. Depois, congratula-se por ter sido desmentido.
Poucos dias depois, a vedeta lembrou-se de brincar com coisas ainda mais sérias. Exigiu ao governo a recontagem das vítimas da tragédia de Pedrógão “num prazo de 24 horas”. Fê-lo, aliás, como quem pede uma recontagem de votos na distrital de Lisboa do PSD, ou algo parecido. Acabou, contudo, a congratular-se pelo facto de a Procuradoria-Geral da República – não o governo – ter vindo confirmar o número do qual ele próprio havia duvidado. Primeiro, levanta o manto da suspeição, pondo tudo e todos em causa. Depois, congratula-se por ter sido desmentido. E assim, acontece.
É muito importante notar que Hugo Soares foi a melhor coisa que o PSD arranjou para liderar a sua bancada. Tal como André Ventura foi o melhor que o PSD arranjou para Loures. Tal como Teresa Leal Coelho foi considerada pelo partido a melhor escolha para a câmara de Lisboa. Agora imagine-se esta mesma gente, este mesmo partido, mandatado para fazer as escolhas de um próximo governo. Imagine-se este leque de sábios a tomar decisões sobre a vida de milhões de pessoas. Não que os anteriores tenham sido melhores, evidentemente. Mas porque a tendência hercúlea deste PSD é conseguir substituir por algo ainda muitíssimo pior tudo aquilo que já parecia ser inacreditavelmente mau.