A «Resolução» de Passos no PSD

Nacional

Banif. Pois claro. Tinha de haver uma muito boa razão para o gangue direitista não querer largar o poder tão cedo. Tinha de haver ali qualquer coisinha a «salvaguardar» a todo o custo, mesmo estando os dois partidos em minoria na Assembleia da República. Tinha de haver lixo – e que lixo! – debaixo do tapete. Havia que continuar a esconder o crime e a abafar o odor a cadáver com mais quatro anos de PAF. Tudo debaixo da total complacência e “cooperação institucional” de alguém que, sem dúvida informado em detalhe desta tramoia – Cavaco Silva – tem sido arredado das culpas e do leque de responsáveis pelo desastre que os contribuintes, mais uma vez, vão ser chamados a pagar. Será uma pena se ninguém o chamar, ou se ninguém o interrogar formalmente, na anunciada e mais que justificada comissão de inquérito ao caso Banif.

E de repente, com o desnudar do crime Banif, é de esperar que da parte da trupe laranja se oiçam menos «desejos» de novas eleições para o «ano novo».

Mas hoje ficámos ainda a saber que, ao que todos os sinais indicam, não é só o BANIF que está a ser alvo de «resolução». Ao que parece, há agora duas pedras no sapato do agitadiço vespeiro do PSD, do qual de resto, o acagaçado CDS já fugiu a toda a brida. A questão é que essas “pedras” incómodas não se tratam de meros e descartáveis deputados madeirenses, mas sim de duas das principais figuras do último governo PSD/CDS: Maria Luís Albuquerque e Pedro Passos Coelho. Viu quem quis, a ex-ministra esteve no debate desta manhã em isolamento total. E em silêncio, também. E não se lhe conhece doença contagiosa alguma, a não ser a maleita da vergonha, de que de forma evidente o vespeiro parece querer agora afastar-se. Já Pedro Passos Coelho, que anteontem afirmou que se estivesse no governo não teria feito diferente de o que fez o PS, foi olimpicamente desautorizado pela sua bancada parlamentar, que ao invés da aprovação, resolveu abster-se.

Ora, numa época propícia a «resoluções de ano novo», parece certo que, no interior do PSD, Passos Coelho (MLA acaba por ser uma irrelevância em matéria partidária) está em vias de ser posto à venda a qualquer Santander. E de repente, com o desnudar do crime Banif, é de esperar que por parte da trupe laranja se oiçam menos «desejos» de novas eleições para o «ano novo». Se calhar, agora que fica mais uma vez provado, com estrondo, que o anterior governo fez igual ou pior que os executivos que o precederam, é melhor que se lixem mesmo as eleições, não vá o último dos últimos argumentos – o de ter mais votos… – ir rapidamente pelo cano abaixo.

PS: Nada medida do possível, umas boas festas a todos.