Breves notas sobre a campanha eleitoral

Nacional

NOTA 1 – PS e PSD-CDS , à semelhança de outras campanhas, trocam acusações parvas entre si como quem joga ping pong. Evocam a Honra, a Dignidade, exigem pedidos de Desculpa, afirmam não ter medo e mandam o adversário ter juízo. Tudo para esconder as profundíssimas semelhanças políticas entre eles. De facto, para encontrar diferenças entre as votações destes três partidos é preciso uma lupa e, ainda assim, será difícil. É a alternância disfarçada de alternativa. Teria graça se não fosse a nossa vida a estar em causa.

NOTA 2 – Alguns jornalistas têm dito que não se tem falado de questões europeias e apenas de política nacional. Das duas uma, ou tomam a imbecilidade da campanha feita pelos partidos da troika nacional como o todo da campanha eleitoral ou pretendem branquear o efeito devastador das medidas impostas pela troika – que já agora, só para lembrar, é constituída pelo Banco Central Europeu, pela União Europeia e pelo FMI – e aplicadas cegamente pelo governo do PSD e do CDS. Mais: foi à conta de sermos os bons alunos da União Europeia que desmantelámos todo o nosso tecido produtivo e nos rendemos ao papel de país fornecedor de serviços e mão-de-obra barata que nos fora destinado. Falar do drama que o nosso país está a viver é falar de políticas europeias.

NOTA 3 – O PS tem insistido na tecla do voto útil como se de eleições legislativas se tratasse. Votar no PS só é útil para o grande patronato, para os demais antes fosse inútil. Votar no PS é dar uma marretada no próprio pé. Mas esta confusão é propositada e faz parte da sua estratégia.

Esclareça-se: As eleições são feitas através do método de Hondt, os deputados são escolhidos em função da proporcionalidade (um pouco deturpada) dos votos.

NOTA 4 – PS, PSD, CDS e BE têm levado a passear nas suas campanhas, os ditos candidatos à presidência do Conselho Europeu, Schulz, Juncker e Tsipras respectivamente. É mais uma falta de respeito ao povo português. É querer iludir, sedimentar a ideia já referida na nota anterior: levar a crer que do Parlamento Europeu sairá a Comissão Europeia. É contribuir para a bipolarização das eleições, para a alternância. E o BE faz o seu jeitinho.

Esclareça-se: o Presidente da Comissão Europeia é nomeado pelo Conselho Europeu (constituído pelos chefes de estado ou de governo dos países membros). O parlamento aprova ou veta a nomeação.

NOTA 5 – O Livre, do alto da sua arrogância, e pela boca de Rui Tavares afirmou que era a única candidatura que tem um programa eleitoral para o PE. Falso. O PCP apresentou uma declaração programática e a CDU definiu 6 opções fundamentais para uma política patriótica e de esquerda.

Não deixa de ser irónico que aquele que entrou em ruptura com o programa que o elegeu, no mandato que agora termina, manteve-se no cargo e até mudou de grupo político, venha vangloriar-se de ter um programa.

NOTA 6 – Segundo percebi, os apoiantes do Livre têm enquadramento estatutário. São uma espécie de membros menos comprometidos com direito a voto no que respeita à eleição de cargos, mas não têm direito a votar documentos. Ora, isto significa, em última análise, que os eleitos podem estar em desacordo com os documentos.

NOTA 7 – O mesmo Rui Tavares refere que a desunião da esquerda se deve aos seus eleitos serem indicados pelas direcções partidárias. Para além da obsessão com o institucionalismo e os cargos eleitos, Rui Tavares arroga-se o direito de falar em nome dos militantes dos partidos aos quais não pertence.

Também é curioso como cada um que fala na desunião da esquerda resolve fazer um partido novo.

NOTA 8 – Não te enganes, vota CDU.