Chicão vai à tropa

Nacional

Todos sabemos da responsabilidade directa do CDS no fim do serviço militar obrigatório. Todos nos lembramos das cartas abertas dos militares ao então ministro da Defesa, Aguiar Branco, nos anos da troika, «gritando» contra a situação «insustentável», de «paralisia de serviços», de perda de direitos em resultado da cega «suborçamentação» a que estavam então sujeitos. O CDS foi sempre muito amigo das forças armadas, excepto quanto as condenou a um funcionamento de penúria. Da mesma forma que sempre foi muito amigo dos pensionistas, excepto quando lhes cortou as pensões. Ou ainda dos agricultores, ou da «classe média», ou, enfim, de todos aqueles que foram alvo da hipocrisia histórica de um partido que fez sempre o contrário daquilo que dizia defender.

Por estes dias de crise sanitária, o neófito «Chicão» resolveu demonstrar vontade de fazer exactamente o contrário daquilo que a maioria dos portugueses deve e está a fazer: ficar em casa. Resolveu ele tornar pública a sua vontade de se voluntariar para «ajudar as forças armadas», na «qualidade» de – note-se! – «antigo aluno do Colégio Militar». Foi o que de mais próximo ele arranjou de «antigo combatente na Guiné em 69». Só que como isto se trata de algo totalmente pretensioso e oportunista, foi previamente anunciado com espavento em praça pública, nas redes sociais, e não com o recato que qualquer pessoa realmente bem-intencionada faria em tal situação. Pois esta atitude politiqueira e de puro marketing pessoal e político é isso mesmo e não passa disso: um triste e repugnante acto politiqueiro tomado num contexto de grave crise social.

Mas há, porém, algumas questões sérias que é imperioso colocar. É preciso saber – mesmo! – se esta iniciativa vai ter acolhimento junto das forças armadas deste país e nesta altura concreta. É preciso saber – mesmo! – de que forma, com que finalidade, sob que pretexto, para que função, tal coisa possa ter – se o tiver – acolhimento. É preciso saber – mesmo! – quem, que patente, que militar, que responsável vai caucionar – se é que o vai – uma clara e inequívoca manobra de agenda política e partidária. É preciso saber – mesmo! – quem é que vai permitir a politização directa ou indirecta das forças armadas. É preciso saber – mesmo! – e por último, a concretizar-se tamanha obtusidade, que tempo anda a perder o Exército, nesta altura de crise, com entradas aparatosas em cena de palhaçadas como esta.

3 Comments

  • Manuel Augusto Araújo

    27 Março, 2020 às

    As crises não dispensam os palhaços, sobretudo os que já eram palhaços!!!

  • Antonio Carlos Gomes Martins

    22 Março, 2020 às

    Pois, mas não podemos esquecer os que fugiram à tropa, os que não foram à tropa quando foram chamados e até aqueles que traíram a Pátria e hoje são venerados por alguns como heróis.

  • hccm

    22 Março, 2020 às

    Andei nos Pupilos do Exército, vou oferecer-me também…

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