O Observador está com medo de que o mercado «funcione»

Nacional

Os apelos roçam o desespero. Chega a ser quase enternecedor. O Observador tem fulminado os leitores e visitantes da sua página com mensagens de consternação pela falta de assinaturas e consequente apelo à subscrição paga dos seus conteúdos. José Manuel Fernandes, quando não surge na página a assinar textos bolsonaristas, ou na versão radiofónica com laivos medievais, aparece assim com ar sereno e cândido, de gatinho abandonado, implorando a todos os santinhos que façam lá a subscriçãozinha do órgão que o alimenta. Não se percebe de que tem medo o Observador. Afinal, caros amigos, é só a justiça do mercado a funcionar. Afinal, todos sabemos que em cada falência há sempre uma nova oportunidade. Novos e mais fortes empreendimentos, mais adaptados e evoluídos, surgirão no seu lugar. José Manuel Fernandes e seus pares não devem fazer cara feia ao seu negro futuro de gestores falidos: têm de estar gratos e satisfeitos pelo facto nobre e valente de a sua falência poder vir a dar lugar a um empreendedorismo mais próspero e mais capaz!

Aparentemente, os tipos que propagam incessantes lições de moral sobre como gerir um país e mais um par de botas, revelam-se afinal incapazes de gerir um órgão de comunicação social sem edição em papel. Os arautos da poupança, da solidez e da inovação, não estão a saber lidar com o seu próprio despesismo e carácter obsoleto. Os mestres da sobriedade nos investimentos a longo prazo, estão prestes a definhar o projecto ao fim de meia dúzia de anos. Os que defenderam cortes, cortes e mais cortes, estão agora com medo de que, com tanto corte, não lhes chegue o poder de compra para que alguém lhes compre a subsistência. Os que fizeram apologia do «cinto apertado», aparentemente, não souberam apertar o deles.

Pois bem, é como diz o povo, aquela entidade abstracta que sempre desprezaram e da qual têm uma pálida ideia: «pimenta no cu dos outros é refresco». E nem sequer nos sobra pena nenhuma daquilo que ficará por dizer ou por escrever por aquelas bandas. Os que lá estão, acabarão por aterrar nalguma entidade ou «partido amigo», seleccionado por evidente «meritocracia» de opinião. Os seus editores, responsáveis, esses terão sempre os «grupos», os «amigos», as piedosas agências do sistema, que aliás serviram, ainda que quanto ao meio de forma nitidamente incompetente.

Mas o que é preciso é ânimo. Bater punho. Não podemos desanimar. Temos de encarar cada desgraça com um sorriso. E não esqueçam: cada falência, cada desemprego, é sempre uma nova e sorridente oportunidade! Tudo vai ficar bem!

6 Comments

  • Luís Cruz Guerreiro

    17 Abril, 2020 às

    Muito bom o texto 🙂

  • Nunes

    17 Abril, 2020 às

    José Manuel Fernandes é o tal que quando escrevia os editoriais do jornal «Público» acenava com alegria a bandeira do anti-comunismo. Durante o criminoso bombardeamento da Jugoslávia pelos aviões da NATO, disse que «não havia guerras antissépticas».
    Quando corrido do «Público», vagueava com a sua malinha à tiracolo patética, em transportes públicos, fazendo de conta que não era aquele que escrevia pelos patrões do «Público».
    Hoje encontra-se sem brio e com ar abatido. Ainda faz apelos às classes dominantes, mas estes já olham para ele como alguém embaraçoso.

  • Onyx69

    16 Abril, 2020 às

    …essa bandeira que querem levantar é a da ex-CCCP, com tanto vermelho, só pode..

  • JM Raposo

    16 Abril, 2020 às

    Bem metida!

  • TóZé

    16 Abril, 2020 às

    O Observador aguenta? Ai aguenta! Aguenta!

  • João Rouxinol

    16 Abril, 2020 às

    Já diz o povo
    "Quem semeia ventos colhe tempestades"

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