São todos iguais

Ontem, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, teve lugar uma “conversa de café”, organizada pelo Grupo Universitário de Debates e Opiniões, com os convidados Manuel Loff e Pedro Ponte e Sousa, sobre as eleições do próximo domingo. Serviu para, entre outras coisas, num ambiente descontraído, se discutirem não só temas relevantes para as eleições, discutir a ideologia e a sua ausência, que mais não é do que a existência da ideologia dominante, o sistema eleitoral, o papel mediático e das redes sociais e os fenómenos de extrema-direita. Ler mais

Quando a CDU pôs o "Esquerda" em "Bloco de Esquerda"

A três dias do início da data em que decidiremos o futuro legislativo dos próximos quatro anos e a composição da Assembleia da República, a verdade sobre os passados quatro torna-se muito relevante para que possamos realizar uma avaliação crítica, um balanço e uma reflexão sobre os avanços e conquistas, sobre os bloqueios e limitações e sobre os retrocessos que marcaram a governação do governo minoritário do PS. Ler mais

O mundo que mudou Greta

Uma nota prévia, para quem consegue ver nas linhas abaixo um ataque à jovem sueca. Há aqui dois pontos: ambos análises minhas sobre o que envolve Thunberg e não sobre Thunberg enquanto jovem com preocupações mais do que justas: Eu não permitiria este tipo de exposição da minha filha, como não permitiria que se transformasse em estrela de reality-show. Este é um dos meus pontos. Ler mais

Este país não é para refugiados

“Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar”. Esta é a citação com que se apresenta a Plataforma de Apoio aos Refugiados, composta por entidades privadas, em cuja fundação se encontram as tão ilustres Caritas, Fundação Montepio ou Fundação EDP. De acordo com a comunicação social, Portugal acolheu 1548 pessoas ao abrigo de Programa de Recolocação da UE – 1192 transferidas da Grécia e 356 da Itália. A esta iniciativa, juntou-se o Programa de Reinstalação da ONU e que, entre dezembro de 2018 e março de 2019 trouxe 127 refugiados do Egito. Em abril, iniciou-se a fase de acolhimento a partir da Turquia e Portugal já receber 30 destes migrantes. A par daquele mecanismo de apoio aos migrantes deslocados. Portugal tem acolhido estrangeiros resgatados por barcos humanitários. E, em março, assinou um acordo com o governo grego para receber mais 100 cidadãos que se encontram deslocados neste país. Ler mais

Lavar as mãos da Amazónia

Quando se fala no Fundo da Amazónia, patrocinado por países ricos, convém esclarecer quem contribui para esse fundo, no caso, Noruega e Alemanha, juntamente com a Petrobras. No caso da Noruega, ainda em 2018 uma empresa mineira cujo maior acionista é, espante-se, o governo da Noruega, esteve envolvida num caso de contaminação ambiental, que tentou esconder.
De resto, recuando até 2006, o governo do Reino Unido tentou tomar conta da Amazónia, considerando que é património mundial, iniciando assim o que é o movimento eco-imperialista. Os países ricos do Hemisfério Norte a decidirem o que é melhor para a Amazónia. Sem ter em conta, obviamente, o que são os interesses dos indígenas e dos trabalhadores. Já nem coloco aqui a evidente questão da soberania e o direito dos povos à auto-determinação. Ler mais

Eu suspiro pela ditadura do proletariado

As t-shirts com bandeiras americanas colavam-se aos corpos, bonés vermelhos MAGA (Tornar a América Grandiosa Novamente) saltavam como tampas de cabeças inchadas para que os seus donos recolhessem o suor, várias mulheres abanavam leques ao ritmo de música country, procurando em vão refrescar as carnes brancas, cozidas em banho-maria num estádio de Panama City, na Florida, que, nessa tarde de 8 de Maio de 2019, indicava 34 graus. E estava a aquecer. Ler mais

Lucas 18:24,25

Temos assistido, nas últimas horas, e sem surpresa, a uma vasta procissão de carpideiras direitistas e liberais. A coberto de uma comunicação social predominantemente alinhada, lá vão derramando lágrimas e loas sobre o féretro de Soares dos Santos, o “herói nacional” e também “cristão”. Há as que o fazem porque têm o “empresário” nos altares da sua ideologia; há as que fazem habitualmente de qualquer morte a purificação de vidas pouco santas; e há, por vezes, também as que são um misto das duas. Nenhuma destas carpideiras há-de, porém, verter uma lágrima que seja pelos milhares de explorados que efectivamente edificaram o império. Nenhum direitista chorará pelos milhares de precários que, por quererem «sobreviver», construíram com o lombo a “grandiloquente” Jerónimo Martins. Aliás, é para isso que essa «massa» serve; para fazer impérios e dotar de “alma” esses imperialistas a quem possam “beijar os pés” na vida e na hora da morte. Opções. De classe, naturalmente. Ler mais

O tempo dos monstros*

«A crise consiste no facto de que o velho morre e o novo não pode nascer: neste interregno verificam-se os mais variados sintomas mórbidos.» Da cela onde, há 80 anos, viria a morrer, Gramsci descrevia os nossos tempos com sibilina precisão. Ler mais