Salvar a criança? Façam um empréstimo!

Nacional

Julgo que hoje já não são tão poucos assim os que, neste país, têm consciência de estarmos a ser governados por um bando de gente fanática, desprovida de humanidade, extremada, radical, fundamentalista do dinheiro e do financeirismo sem escrúpulos. A coisa acaba de atingir porém o cúmulo da nojice, da indignidade, e faltam-me adjectivos que expressem a real dimensão da minha indignação e repulsa, face à “solução” encontrada pelo governo para “ajudar” os pais da criança prematura em risco de morte no Dubai. Quem nos conta é a própria mãe na sua página do facebook.

A solução do estado português – inevitavelmente estamos “todos” envolvidos nesta carapaça que face a este caso nos envergonha perante nós próprios e perante o mundo – para uma criança que pode morrer e para uns pais que podem ser arrastados para a miséria por tentarem salvar a vida de uma filha, é o estado patrocinar ou “conceder” um empréstimo bancário com hipoteca dos bens não só dos pais como também dos ascendentes (avós). Ou seja, a solução deste governo, que enterra milhões na banca para resolver problemas causados por banqueiros e oligarquias corruptas, no que diz respeito a salvar uma família da tragédia da perda de uma filha por falta de tratamento adequado, passa, não só por sacrificar a vida inteira dos pais da criança, como também da sua restante família. A solução do bando que nos governa para salvar a vida de seres humanos, é a mesma que se “arranja” para resolver um qualquer problema financeiro: faz-se um empréstimo, arranja-se uma dívida, negoceiam-se “benevolamente” uns bons juros para se pagar uma vida toda. O desabafo desesperado da mãe da criança é evidente: “Se é essa a única opção que o estado português tem para nos oferecer então prefiro esgotar todo o dinheiro e tudo o que tenho e depois entrego-me as autoridades.”

Que merece um governo destes? Que merecem estes ministros e secretários de estado? Que merece esta coligação hipócrita que tem um partido que se clama “defensor da vida” e “da família”? Que merece quem, perante a evidência destas vergonhosas atitudes, ainda tem o desplante de os apoiar e sustentar? A paciência há-de manter-se por mais quanto tempo? Quantos mais episódios destes terão de se suceder? Até quando?