Vamos todos a Tshwane

Nacional

Mas o Renato Teixeira não vai, que está muito chateado.

Aprendi com o PCP e não com o Invictus ou o Wikiquote, que Nelson Mandela se envolveu desde jovem na luta contra o regime de apartheid que vigorava na África do Sul, tendo aderido em 1942 ao Congresso Nacional Africano e tendo sido fundador, em 1944, com Walter Sisulu e Oliver Tambo, da Liga Juvenil do ANC.

Na sequência do massacre de Sharpeville, de 21 de Março de 1960, em que a polícia sul-africana assassinou 69 manifestantes anti-apartheid e feriu 180, Nelson Mandela passou a liderar a luta armada conduzida pelo ANC.

Em Agosto de 1962, numa operação conjugada entre a CIA e a polícia sul-africana, Nelson Mandela foi preso e viria a ser condenado a prisão perpétua, sob a acusação da prática de actos de terrorismo.

Nelson Mandela passou 28 anos nos cárceres do apartheid. Em Fevereiro de 1985 foi-lhe negada a liberdade condicional por se recusar a renegar a luta armada do seu povo, até que finalmente, em Fevereiro de 1990, culminando a heróica luta anti apartheid do povo sul-africano e uma campanha de solidariedade mundial pela sua libertação, Nelson Mandela viria a ser libertado, passando a liderar, na legalidade, o processo político que conduziria ao fim do regime de apartheid.

Apesar de permanecer até 2008 integrado na lista das personalidades consideradas terroristas pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos da América, com votos na ONU de um governo português do PSD liderado por Cavaco Silva contra a luta sul-africana, hoje ouvimos de todos, sem pejo nem vergonha, como habitualmente, que Nelson Mandela era um lutador ímpar pela liberdade.

De todos, com excepção do Renato Teixeira. Esse ser, tão acima de tudo e de todos, o único detentor da verdade e capaz de a dizer sem preconceitos. Que inevitavelmente tinha que evocar Álvaro Cunhal, o traidor mor, para fundamentar o seu ponto de vista de que Mandela, afinal, não era mais do que um sujeito político situacionista, movimentando-se consoante os apoios recebidos, sem qualquer ideologia ou objectivo, sem jamais ter concretizado o verdadeiro objectivo revolucionário de transformação social.

Citando outros, sem jamais citar Mandela (pelo menos as fotos que vão aparecendo com as citações retiradas da Wikiquote são do próprio e não de outrem) para reforçar a sua análise, este brilhante analista político e blogger arrasa Mandela. Afinal, é só mais um. Certamente veremos Renato Teixeira fora dessas teclas a liderar um movimento revolucionário ímpar – sem revisionismos, sem concessões, todos de cara tapada a destruir o capital, até à vitória final. E no dia em que ali chegarmos, Renato a si jamais chamará qualquer papel. Pois ele será o homem novo e estará já de partida para a transformação intergaláctica (evidentemente, isto não fica por aqui, então?).

Ou eu enganei-me e o Renato só estava a falar de Mandela, o perigoso cão assassino (que antes era zuki, ou zuto ou lá o que é) e matou o Dinis e foi adoptado. Deve ser isso, hoje discute-se a criminalização dos maus tratos a animais na Assembleia da República.

A ignorância é uma coisa muito, demasiado, atrevida.