Mentira e desinformação: a passadeira vermelha para o fascismo que espreita

Nacional

(Nota: Este texto não pretende ser uma defesa do governo chinês ou do PCC. Para isso existirão outras ocasiões. Fiz um esforço de reunir informação apenas de fontes insuspeitas de simpatias chinesas ou comunistas como forma de desmontar a campanha de desinformação entretanto lançada.)

Sérvia. Filipinas. República Checa. Camboja. Itália. Rússia. Espanha. Portugal. Venezuela. Palestina. Libéria. França. Bélgica. Irão. Iraque. Vietname. Etiópia. Portugal. Estados Unidos da América. Todos os países desta lista, que não pretende ser exaustiva – são já mais de 90 os países apoiados –  e resulta duma leitura breve da imprensa internacional, receberam nos últimos tempos apoio material e humano da China: Ventiladores. Fatos protetores. Máscaras. Medicamentos. Médicos.

E ainda assim, cresce a narrativa de que o estado chinês é, se não o criador do vírus, pelo menos o responsável pela sua dispersão pelo mundo por ter sido incapaz de conter o surto na sua fase inicial. Diz-se até que tentaram abafar o caso e não avisaram atempadamente o resto do mundo. Olhemos então para a cronologia do surto:

–  No dia 31 de Dezembro a China alertou a OMS que tinha em mãos vários casos duma pneumonia invulgar de origem desconhecida;

– A 9 de Janeiro o Centro Chinês para o Controlo e Prevenção de Doenças anunciou que tinha identificado um novo coronavírus – COVID-19 – como sendo o agente responsável pelo surto;

– A 21 de Janeiro é detectado o primeiro caso nos EUA, um cidadão norte-americano que tinha regressado recentemente de Wuhan e foi hospitalizado em Seattle. Neste dia as autoridades chinesas começam a fazer o controlo de viajantes;

– A 22 de Janeiro são cancelados todos os vôos e comboios de e para a região de Wuhan;

– A 23 de Janeiro, a China coloca três cidades em quarentena e cancela as comemorações do Ano Novo Lunar. Neste mesmo dia, a OMS afirma que o surto que já contagiou centenas de pessoas não é ainda motivo de emergência global;

– A 30 de Janeiro a OMS finalmente considera o surto uma o emergência global;

– A 15 de Fevereiro, o Director Geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirma que “as medidas que a China adoptou para conter o surto na sua origem ganharam tempo ao mundo”;

– A 16 de Fevereiro são detectados 16 casos na Lombardia, em Itália. No dia seguinte, são já 60;

– A 8 de Março o governo italiano decreta uma quarentena regional;

– A 11 de Março a OMS declara que o surto de COVID-19 é uma pandemia global;

– A 14 de Março, os governos franceses, espanhóis decretam o encerramento de vários espaços públicos e outras medidas de quarentena;

– A 19 de Março, a Itália ultrapassa a China em número de mortes relacionadas com o COVID-19.

E partir daqui o cenário já é suficientemente recente para dispensar um relato.

De acordo com esta cronologia e as declarações do Director Geral da OMS, não só a actuação das autoridades chinesas não foi laxista, como foi essa actuação que ganhou tempo para que o resto do mundo se preparasse para enfrentar a pandemia.

Porquê então esta narrativa de culpabilização dos chineses ou do seu governo?

Donald Trump chama-lhe o vírus chinês. No Sol, João Lemos Esteves chama-lhe mesmo “o vírus do Partido Comunista Chinês”. O neonazi Mário Machado faz um vídeo a imputar a origem do vírus aos “deploráveis” hábitos alimentares dos chineses.  Nada disto é ao acaso; como podemos ler numa informação confidencial divulgada pelo Daily Beast, está em curso uma campanha de desinformação lançada pela Casa Branca de culpabilização do governo chinês como forma de ilibar a sua resposta tardia e insuficiente. Esta narrativa tem sido adoptada pela imprensa e dado frutos e já é para muitos ponto assente, mesmo para muitos na chamada “esquerda”, que fazem agora coro com o neonazi culpando os chineses pelos seus hábitos alimentares, justificando-o com vídeos do YouTube. Usam a informação de que o vírus tem origem zoonótica para sustentar essa afirmação, ignorando que devido à espécie humana ser muito recente em termos biológicos, muitas das doenças que nos afectam já cá andavam antes de nós. Sim, o COVID-19 é de origem zoonótica, mas também o Ébola, a salmonela, muitas gripes, a raiva, para não mencionar uma série de parasitas. 61% dos agentes patogénicos que infectam humanos têm origem zoonótica.

E se esta narrativa ganha fôlego, deve-o à tradicional sinofobia ocidental e a um anti-comunismo primário que é também useiro e vezeiro no Ocidente. No início do séc XX, o sentimento anti-comunista foi exacerbado nos EUA, na Alemanha ou no Reino Unido como forma de reprimir os trabalhadores e a sua luta pela superação do capitalismo. O mesmo no pós Segunda Guerra e em todo o período de Guerra Fria. Em Portugal, com especial incidência no Norte do país e nas regiões autónomas, homens do antigo regime, a Igreja Católica e terroristas de extrema-direita (alguns dos quais encontraram depois poleiro no PSD e no CDS, cumpridos que estavam os seus objectivos), assustaram o povo com relatos ignóbeis dos comunistas que aí vinham para lhes tirar as terras e os filhos. No Brasil, Bolsonaro fez-se eleger com a cartilha anti-“marxismo cultural”.

E agora em Portugal, a reboque do Estado de Emergência, depois de primeiramente ter sido condicionado o direito de greve, de manifestação e de resistência, vem agora um segundo decreto reforçar esse ataque aos direitos dos trabalhadores, com a seguinte declaração: “Fica suspenso o direito das comissões de trabalhadores, associações sindicais e associações de empregadores de participação na elaboração da legislação do trabalho, na medida em que o exercício de tal direito possa representar demora na entrada em vigor de medidas legislativas urgentes para os efeitos previstos neste Decreto.” Está aqui: o estado burguês entende que os sindicatos são um estorvo, e pretende desta forma silenciá-los. Numa altura em que os trabalhadores sofrem um brutal ataque aos seus direitos e ao seu sustento, vêm-se privados de poder defendê-los quer nas ruas, quer na mesa de negociações. Tudo com o beneplácito de Marcelo, Costa e Rio, que ensaiam assim a reorganização do poder rumo a um Bloco Central de “salvação nacional”.

Como diria o Brecht, coberto de razão, “não há nada mais parecido com um fascista do que um burguês assustado”. Diria ainda o Brecht que “O fascismo é uma fase histórica do capitalismo; neste sentido, é algo novo e ao mesmo tempo antigo. Nos países fascistas, o capitalismo continua a existir, mas apenas na forma de fascismo; e o fascismo apenas pode ser combatido como capitalismo, como a forma de capitalismo mais nua, sem vergonha, mais opressiva e mais traiçoeira.”

Já todos percebemos que vêm aí tempos difíceis. Que depois de lutarmos contra o COVID-19, vamos ter de lutar contra a austeridade, contra a repressão. Alguns direitos que até agora nos pareciam impossíveis estão agora em vigor a título provisório, provando que afinal sempre foram possíveis, e quando tudo isto terminar não vamos querer abrir mão deles. E para nos forçar a abdicar deles, cá temos o Estado burguês a muscular-se, para no-los tirar à força e a sangue se necessário.

Haja greve. Haja manifestação. Haja resistência. Porque mesmo sendo ilegal, será sempre justa.

13 Comments

  • Pedro

    9 Abril, 2020 às

    Chamar a malta para se juntar em manifestações em plena epidemia?

    Apelar á greve quando está tudo parado menos os serviços básicos ?

    Isto é inteligente á brava!!!!!!!!!!!!

    Por causa desta esquerda é que depois levamos com a direita.

  • Nunes

    3 Abril, 2020 às

    Por favor, não se fiem desta que a reunião «Event 201» era normal. O próprio Centro John Hopkins que está na base desta conferência envia detalhes sobre o vírus. Mando-vos um extracto (em inglês) que alguns americanos receberam, assim que se verificaram os primeiros casos de contágio nos Estados Unidos da América:

    «Information from Johns Hopkins
    * The virus is not a living organism, but a protein molecule (DNA) covered by a protective layer of lipid (fat), which, when absorbed by the cells of the ocular, nasal or buccal mucosa, changes their genetic code. (mutation) and convert them into aggressor and multiplier cells.
    * Since the virus is not a living organism but a protein molecule, it is not killed, but decays on its own. The disintegration time depends on the temperature, humidity and type of material where it lies.
    * The virus is very fragile; the only thing that protects it is a thin outer layer of fat. That is why any soap or detergent is the best remedy, because the foam CUTS the FAT (that is why you have to rub so much: for 20 seconds or more, to make a lot of foam).
    By dissolving the fat layer, the protein molecule disperses and breaks down on its own.
    * HEAT melts fat; use water above 25 degrees Celsius for washing hands, clothes and everything. In addition, hot water makes more foam and that makes it even more useful.
    * Alcohol or any mixture with alcohol over 65% DISSOLVES ANY FAT, especially the external lipid layer of the virus.
    * Any mix with 1 part bleach and 5 parts water directly dissolves the protein, breaks it down from the inside.
    * Oxygenated water helps long after soap, alcohol and chlorine, because peroxide dissolves the virus protein, but you have to use it pure and it hurts your skin.
    * NO BACTERICIDE OR ANTIBIOTIC SERVES. The virus is not a living organism like bacteria; antibodies cannot kill what is not alive.
    * NEVER shake used or unused clothing, sheets or cloth. While it is glued to a porous surface, it is very inert and disintegrates only
    -between 3 hours (fabric and porous),
    -4 hours (copper and wood)
    -24 hours (cardboard),
    – 42 hours (metal) and
    -72 hours (plastic).
    But if you shake it or use a feather duster, the virus molecules float in the air for up to 3 hours, and can lodge in your nose.
    .
    * The virus CANNOT go through healthy skin.
    * Vinegar is NOT useful because it does not break down the protective layer of fat.
    * NO SPIRITS, NOR VODKA, serve.
    .
    * The more confined the space, the more concentration of the virus there can be. The more open or naturally ventilated, the less.
    * You have to wash your hands before and after touching mucosa, food, locks, knobs, switches, remote control, cell phone, watches, computers, desks, TV, etc. And when using the bathroom.
    * You have to HUMIDIFY HANDS DRY from so much washing them, because the molecules can hide in the micro cracks. The thicker the moisturizer, the better.
    * Also keep your NAILS SHORT so that the virus does not hide there.
    -JOHNS HOPKINS HOSPITAL»

    […]

    Este jogo de guerra foi realizado e simulado na América, como se comprova aqui:

    https://foreignpolicy.com/2020/04/01/coronavirus-pandemic-war-games-simulation-dark-winter/

  • Jose

    3 Abril, 2020 às

    Até o Nunes trata informação em vez de 'bocas'!

    A China colabora ou a China vende?

    Quanto ao mais ainda não se sabe a história toda…mas que o que se sabia ser possível de acontecer, aconteceu sem que alguém estivesse preparado e soubesse reagir.
    E a OMS é que tem uma história para contar, mas vai enrolando.

  • Victor

    3 Abril, 2020 às

    Quando as análises são assim, responsavelmente apresentadas, torna-se até perigoso tecer comentários acerca delas. Mesmo assim, vou arriscar.

    Com as apresentações do Sr. José Solha, do Sr. Vítor e do Sr.Nunes, ficamos de certeza, mais elucidados ou, pelo menos, menos confusos, em relação ao modus operandi do governo chinês e em relação à própria mentalidade chinesa. Foram aqui, de forma mais ou menos resumida, apresentadas as características positivas e negativas, vou por assim dizer,do mundo chinês.

    O Sr Nunes também nos acordou para uma outra possibilidade que, no campo vastíssimo das probabilidades, é, também, legítima.

    Fiquei, após a leitura destas analises/opiniões, com a certeza de me ter aproximado da verdade, esta que é, naturalmente, multifacetada. Desenganem-se aqueles que pensam que, algum dia, alguém lhes vai vender o kit completo da verdade. Tenham esses outra forte certeza:- Não vamos conhecer a Verdade (isso mesmo, com "v" capital).

  • Nem fascismo nem comunismo Novembro sempre

    3 Abril, 2020 às

    É isso… Os EUA iam lançar 1 vírus que lhe está a destruir a economia, não seja palerma… Quanto a reunião em Nova York nada mais normal, já há muito tempo que o próprio Bill Gates e a sua fundação falavam numa possível pandemia provocada por um vírus deste tipo. Por fim como podem defender um regime como o venezuelano? Bom pensando bem até podem pois se ainda não sabem se na Coreia do Norte existe ou não uma ditadura… Olhe e o Pai Natal também existe???

  • Nunes

    2 Abril, 2020 às

    Sobre o teu texto, qual a razão do encerro do laboratório militar em Fort Dereck, em Julho do ano passado?

    (link: https://www.military.com/daily-news/2020/04/01/cdc-lifts-shutdown-order-army-biolabs-fort-detrick.html)

    Os próprios chineses já perguntaram a Washington qual a razão e mistério deste encerramento e se este não teve relação com o «coronavirus».

    Não vem ao acaso que um grupo tecnocratas norte-americanos se tenha reunido em Nova Iorque, em Outubro do ano passado, com o propósito de simularem uma pandemia em todo o Mundo que causaria a morte de 65 milhões de pessoas.

    José Goulão escreve sobre este tema aqui: https://www.abrilabril.pt/internacional/os-profetas-do-virus

    Por último, as últimas provocações e agressões de Washington à Venezuela, desde oferta de 15 milhões de dólares pela captura de Nicolás Maduro, ao constante assédio a este país. O aproveitamento da pandemia por Washington, ao enviar navios de guerra para o Caribe, numa operação a que chamam de «anti-narcóticos»

    Links: https://www.laiguana.tv/articulos/696055-trump-anunciar-operaciones-antidroga-hemisferio-occidental/

    https://foreignpolicy.com/2020/04/02/trump-plan-deploy-anti-drug-mission-navy-ships-caribbean-backlash-pentagon/

    Última mensagem de Juan Guaidó em twitter: https://www.laiguana.tv/articulos/696399-guaido-apoyar-operacion-militar-gringa-el-caribe/

  • Vitor

    2 Abril, 2020 às

    17 de Novembro 2019

    O primeiro caso conhecido de infeção pelo Covid-19 remonta a 17 de novembro, na província chinesa de Hubei, segundo uma investigação do jornal de Hong Kong South China Morning Post, com base em dados oficiais.

    O jornal escreveu que uma pessoa de 55 anos foi o primeiro caso identificado, informação que desafia a versão oficial, que data o surgir da doença em finais de dezembro, em vários casos de contaminação ligados a um mercado de marisco, situado nos subúrbios de Wuhan, a capital de Hubei.

    O jornal de Hong Kong cita dados do Governo chinês, que apontam que houve entre uma e cinco infeções por dia até 15 de dezembro. Em 20 de dezembro havia 60 infetados, apurou a mesma fonte.

    https://www.dn.pt/mundo/china-sabia-do-virus-desde-novembro-11924630.html

    30 de Dezembro 2019

    No final de Dezembro, o médico oftalmologista enviou uma mensagem para um grupo que mantinha com outros profissionais de saúde a alertá-los para um possível novo vírus e a aconselhá-los a usar roupas apropriadas para evitar infecções — o que não sabia era que tinha sido descoberto um coronavírus inteiramente novo. Alguns dias depois, foi convocado para uma reunião do Serviço de Segurança Pública e acusado de “fazer comentários falsos” que “perturbaram a ordem social”. Além disso, e segundo avança a BBC, Li Wenliang estava a ser investigado pela polícia chinesa por “espalhar rumores” e foi obrigado a assinar uma carta em que se comprometia a parar com as suas “actividades ilegais”.

    https://www.publico.pt/2020/02/06/ciencia/noticia/medico-chines-alertou-comunidade-novo-coronavirus-estado-critico-1903118

    14 de Janeiro 2020

    Preliminary investigations conducted by the Chinese authorities have found no clear evidence of human-to-human transmission of the novel #coronavirus (2019-nCoV) identified in #Wuhan, #China.

    https://twitter.com/WHO/status/1217043229427761152

    22 de Janeiro 2020

    Dividida desde a semana passada sobre o novo coronavírus representar ou não uma emergência mundial de saúde pública, a Organização Mundial da Saúde (OMS) sofreu pressões da China para não intensificar o alerta a respeito da epidemia. A doença, batizada de 2019-nCov, já matou pelo menos 132 pessoas no país. Segundo o jornal Le Monde, a decisão de não decretar a emergência foi “resultado de uma oposição categórica da China e seus aliados”.

    http://www.rfi.fr/br/mundo/20200129-china-pressionou-oms-a-n%C3%A3o-declarar-novo-coronav%C3%ADrus-emerg%C3%AAncia-mundial-diz-le-monde

    Março 2020

    Segundo a investigação levada a cabo pelo programa 60 Minutes, da CNN Austrália, há duas semanas, Ai Fen, diretora de emergência do hospital Wuhan Central, tornou a situação pública na revista chinesa Renwu (…) O presidente da República Popular da China, Xi Jinping, ordenou que a entrevista fosse apagada da Internet e agora o paradeiro de Ai é 'desconhecido'

    https://poligrafo.sapo.pt/fact-check/medica-chinesa-que-denunciou-surto-de-coronavirus-na-china-esta-desaparecida

    E aqui têm o relato da médica desaparecida, que vos devia fazer corar de vergonha. Mas vergonha na cara é o que esta página não tem, quando defende o regime comunista autoritário da China, apenas por uma questão ideológica.

    https://blog.dwnews.com/post-1313840.html

    • Matilde Tobias

      6 Abril, 2020 às

      Caro Vitor,
      Achei a sua exposição interessante. Contudo, se não reparou, tenho de chamar à sua atenção os seguintes pontos:

      1) De acordo com o que o South China Morning Post noticia, o primeiro caso de COVID-19 conhecido das autoridades teria ocorrido em Novembro mas o governo só terá chegado a essa conclusão bem depois, uma vez que a doença não estava identificada. Conseguiram chegar a essa conclusão porque tinham amostras guardadas. Se tivesse recorrido ao artigo original, tinha percebido isso imediatamente.

      https://www.scmp.com/news/china/society/article/3074991/coronavirus-chinas-first-confirmed-covid-19-case-traced-back

      2) O método científico não nos garante acertar tudo à primeira. É antes um método iterativo que nos permite eventualmente ir avançando no nosso conhecimento. Se alguém não conseguiu provar a transmissão do COVID-19 entre seres humanos, isso não quer dizer que amanhã não o consigam fazer.

      3) Julgo não ser necessário dizer-lhe que as Nações Unidas e as suas organizações estão constantemente sujeitas a pressões políticas. Poderia citar o caso da UNRWA ou mesmo a tentativa recente de provocadores de Taiwan em tentar induzir que responsáveis da OMS fizessem comentários sobre a resposta de Taiwan–um exemplo claro de aproveitamento da situação para ganho político;

      4) Talvez não se tenha apercebido, mas o Polígrafo recorreu a um método interessante para aferir a verdade: apoiou-se na conclusão do Facebook. E o que faz o Facebook para averiguar se as informações são verdadeiras ou não? É simples: recorre a terceiros. E quem são os terceiros e que métodos utilizaram neste caso? Tente descobrir e depois diga-me já que o Polígrafo não o faz.

      https://www.facebook.com/help/publisher/182222309230722

      5) Não sei ler Mandarim nem Cantonês nem distinguir os dois, mas quando se diz que o paradeiro de alguém é desconhecido, presumo que seja uma pessoa próxima da primeira a alegar não ter conhecimento do seu paradeiro. Caso contrário, é uma afirmação que não diz nada. As questões que se colocam, e que não encontram resposta no site do Polígrafo mas que talvez as encontrem no blog que cita, é então: i) quem é que alega desconhecer o paradeiro da médica? ii) o que foi feito para averiguar o seu paradeiro? Diga-se, a título informativo, que o South China Morning Post nada diz sobre um eventual desaparecimento da médica (Dr. Ai Fen).

      https://www.scmp.com/news/china/society/article/3074622/coronavirus-wuhan-doctor-says-officials-muzzled-her-sharing

      6) Se há coisa patente nos casos que têm sido descritos, é que os médicos chineses têm demonstrado grande coragem e sentido de responsabilidade (como foi reconhecido por responsáveis da OMS: https://youtu.be/2A5DjPLLh38?t=112 ), mas existem pessoas mais interessadas em alimentar os seus ódios de estimação do que em explicar os motivos pelos quais os seus governos ficaram meses a ignorar a situação. A China, com todos os seus problemas e que primeiro teve de identificar o problema, soube agir de forma a conter a situação, paralizando uma parte significativa da sua economia. Julgo que não lhe preciso de dizer que não se trata de uma decisão que se tome de ânimo leve. No fundo, gostaria de tivesse abordado de forma mais directa aquilo que o André Solha escreveu. ACho que tinhamos todos a ganhar.

  • Francisco

    2 Abril, 2020 às

    Cá estaremos, armados até aos dentes com coragem, determinação e razão.

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