Lia-se no outro dia que se João Ferreira fosse de outro partido ganharia facilmente a disputa autárquica em Lisboa, é preciso, no entanto, compreender que se João Ferreira fosse de outro partido não seria o João Ferreira, seria outro qualquer. É precisamente nessa premissa, que reconhece involuntariamente a capacidade e competência de João Ferreira e dos candidatos da CDU, que se encontram as razões para o clima hostil em relação às candidaturas da CDU, com o seu recorrente silenciamento e ocultação mediática (podíamos falar do silenciamento de António Filipe, já agora), por um lado, e o pavor que essas mesmas candidaturas imprimem nos seus adversários, por outro.
Com o alto patrocínio da direcção de informação da SIC, deu-se início a um, já comum, pressuposto de que “comunista não entra”, na tentativa de implementar debates num frente-a-frente entre as candidaturas de PSD e PS (independentemente dos demais apêndices que dão forma às suas coligações). A CDU protestou, como protestaram igualmente vários democratas e progressistas, a discriminatória ausência de João Ferreira no debate agendado para Paços de Arcos. A esta indignação, com base legal e política, a ERC veio dar razão à CDU e eis que João Ferreira esteve mesmo no debate televisivo.
Ora, o debate foi o que tendes visto, uma candidatura da CDU preparada e profundamente conhecedora dos problemas da cidade e com soluções identificadas, configurando-se, sem surpresas, como a frente popular e de esquerda que se apresenta como a verdadeira alternativa à gestão do egomaníaco edil, Carlos Moedas, que teve também, como afirmou Alexandra Leitão recentemente, todas as condições ofertadas pelo PS para governar e executar as suas políticas.
Carlos Moedas, ensacado num bolso fundo de João Ferreira, optou por credibilizar ainda mais a CDU numa esperança que a candidatura de comunistas, ecologistas e tantos democratas, capitalizasse à esquerda votos que derrotasse a coligação de Alexandra Leitão, que morando no outro bolso de João Ferreira, decidiu ir pelos trilhos de esclarecer que pouco a separa de Carlos Moedas, seja na prática ou na teoria, na visão que têm sobre a cidade, de como a viver e de como a transformar.
Um desastre do extremo-centrismo, à esquerda e à direita, que veio a acrescentar novos capítulos nesta fuga para a frente de ambas as candidaturas, ora não fosse o debate agendado na TSF ter sido cancelado porque tanto Moedas como Leitão se negaram a participar, se comunista entra não estamos nós, pensaram alegadamente, muito medo, pouca vergonha, dizemos nós.
Já que estamos numa de ditos populares, pese embora forçados, chamamos ao texto outro mais, quem tem medo, recolhe para casa cedo, e se o esclarecimento popular parece estar agora desaconselhado nas hostes socialistas e social-democratas, numa validação do quem muito fala, pouco acerta, inexplicavelmente Alexandra Leitão, que não encontrou tempo para debater aos microfones da TSF, arranjou o tempo e disponibilidade para conferenciar perante uma selectiva plateia de empresários, investidores e decisores públicos, os que mais têm sofrido na pele a cidade levantada por Carlos Moedas, claro está. Um evento promovido no JNcQUOI Club, com entrada mediante pagamento e realizado no conforto da exclusividade a sócios, curiosamente, ou nem por isso, um clube privado do Grupo Amorim, com serviço, pasme-se, de membership e lifestyle, onde afirmam que “Alexandra Leitão apresenta-se como principal alternativa à continuidade de Carlos Moedas”, pois bem, mas já em relação às políticas de Moedas não se pode afirmar o mesmo, não fosse dar-se o caso do PS ter aprovado todos os Orçamentos Municipais e Grandes Opções do PSD nestes últimos 4 anos.
Para mais conclusões, os lisboetas que aguardem pelo o debate na CNN, onde estarão presumivelmente todo os candidatos, ou não, logo veremos.
24 Setembro, 2025 às
Em cheio no Alvo.. todo o texto.
Ainda assim não posso deixar de destacar o brilhantismo desta formulação: “É precisamente nessa premissa, que reconhece involuntariamente a capacidade e competência de João Ferreira e dos candidatos da CDU, que se encontram as razões para o clima hostil em relação às candidaturas da CDU, com o seu recorrente silenciamento e ocultação mediática (podíamos falar do silenciamento de António Filipe, já agora), por um lado, e o pavor que essas mesmas candidaturas imprimem nos seus adversários, por outro.”