Autor: Alexandre Hoffmann

Quantos pobres são precisos para fazer um excedente?

O canto do cisne socialista aí está: um excedente orçamental entonado com altivez e vaidade, com pompa e circunstância, tamanhos números nunca vistos em democracia, mas bem sentidos na pele, ora não fosse essa folga arrancada do suor dos trabalhadores portugueses e do assalto aos serviços públicos e com o seu desmantelamento.

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Kissinger, um sacana sem lei

Mother Jones illustration; Fairchild Archive/Penske Media/Getty; Alexis Duclos/Gamma-Rapho/Getty; Boris Spremo/Toronto Star/Getty

Não há mal que sempre dure, nem as figuras que o preconizam são eternas. Morreu Henry Kissinger, famigerado belicista, criminoso de guerra, responsável por várias das maiores atrocidades da história contemporânea, que se contam em milhões de mortos. Os portões férreos do inferno estão franqueados para o receber.

Kissinger, como Secretário de Estado e Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, foi mentor, estratega e executador das políticas externas norte-americanas, que resultaram numa mortandade de milhões pelo mundo fora.

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A crónica de um (anunciado) Inverno argentino

A estupidificação de parte das lideranças mundiais tem resultado, sobretudo, de dois processos distintos: o esvaziamento da social-democracia na construção de soluções capazes, face à heterogeneização de um mundo convulso, social, política e economicamente falando, e à mediatização, carregados em ombros pela imprensa, dos movimentos, e de seus líderes, que agrupam em sua órbita as correntes políticas populistas e fascistas.

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A cultura é uma arma

A cultura não é uma santa de altar, ultraterrestre ou uma concepção divina, é a memória identitária dos povos e, portanto, não se configura na sua materialização concreta ou abstracta como um objecto imparcial. A arte, que expressa a tradução cultural de uma sociedade, resulta de estímulos e experiências individuais e/ou colectivas, tem como proponente o Homem, que por sua vez é produto das suas próprias circunstâncias e do modelo de organização colectiva que lhe dá origem, social, política e cultural entenda-se.

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Huele a comisiones obreras

Na pedra secular do castelo está fixado um quadro que honra Hernán Cortés, conquistador divinamente destacado entre os povos mesoamericanos que o circundam em meia mesura, denunciando o classismo da coisa, afinal matar em nome de deus, da pátria e do rei, era tão legítimo e dignificante como o é hoje em nome do imperialismo, do capital e da urbanidade ocidental. O sol vai-se pousando por detrás das ameias do castelo medieval raiano, purpureando o céu à exacta medida com que as gravatas deslaçam a tempos o frouxo nó da noção, o dia foi longo e ao calor deu-se combate com gelo emagrecendo entre o álcool. As horas prazenteiras despertam com a história de um companheiro, vindo de uma ida aos sanitários, “saiu um dizendo que cheirava a merda e outro afirmou: – huele a comisiones obreras”.

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A Estupidificação como Projecto Político do Capital

É inegável a força transformadora da palavra, do argumento e do diálogo. É ela o motor revolucionário da formação, do conhecimento e do progresso. Seria interessante se à semelhança da Lista Vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais) para fauna e flora, tivéssemos tal ferramenta para entender o estado de conservação de palavras e, sobretudo, dos conceitos que por entre elas se alevantam, no centro do discurso e da intervenção política.

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Tarot Grátis

Se as ferramentas e os conceitos marxistas de análise e ciência política, social e histórica vos são distantes, é então fácil crer que os comunistas fazem futurologia da boa: “esta maioria absoluta deixa o PS com condições de levar mais longe o seu compromisso com a política de direita e manter a sua opção de subordinação aos grandes interesses económicos que dominam o país“, alertou o PCP após o resultado das últimas legislativas.

Assim, a turbulência moral, ética e com implicações, alegadamente, jurídicas e criminais do governo, em simultâneo com a promoção da política de empobrecimento geral do país, das famílias e dos trabalhadores, são questões de fundamento ideológico e frequentemente coligidas pelas classes governantes socialistas, mas que não constituem propriamente elementos novos face àquilo que caracteriza a governação burguesa, independentemente da sua proveniência do espectro político.

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Morte, a Santa Redentora

A inevitabilidade da circunstância não determina o Homem e a sua natureza, – se assim fosse, o mundo seria um lugar bem pior, pela fatalidade aparente da exploração. O Homem salva-se da sua própria circunstância por determinações de consciência e de consciencialização de classe, o Homem perpetua-se pelos seus posicionamentos e opções políticas, pelos caminhos que decide trilhar e pelas escolhas que, de forma livre, decide tomar. Independentemente do quanto se possa dobrar a narrativa, a verdade é o cru e duro reflexo, mas, sempre justo, da realidade e do passado; para o bem ou para o mal, os homens e as mulheres são a sua história e a memória dos seus actos.

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