A Bola perdeu o Norte

Nacional

A insatisfação e indignação que grassa na redação do Porto do jornal A Bola, por um processo enviesado no prisma geográfico, sem qualquer outra justificação que não fosse encerrar a redação a norte, mesmo quando a esmagadora maioria dos clubes da I e II Liga estão a norte do Mondego. Este documento expõe o tratamento desigual recebido pela redação do Porto por parte da administração do jornal A BOLA, no lay-off decretado na segunda-feira, dia 6 de abril.

O documento segue organizado por tópicos que contextualizam a decisão tomada na manhã de 6 de abril. Este documento, de teor informativo, constitui um resumo da indignação da redação do Porto, atirada, na íntegra, para lay-off.

–  A decisão da administração do jornal foi feita mediante um critério geográfico, sendo que apenas os jornalistas da redação Porto foram colocados em lay-off, definido para um mês, renovável até três. A informação foi dada apenas quando entrou em vigor o lay-off.

– Acrescentar que para lay-off seguiram todos os outros postos de trabalho que laboravam na delegação: fotojornalistas, secretário de redação e informáticos. Tudo somado, foram 22 pessoas para lay-off.

– Mediante esta circunstância, e face ao já muito discutível lay-off (que a administração recusou justificar com números), fica patente a fragilidade dos profissionais que trabalham no Porto perante decisões tomadas em gabinetes da capital.

– Fragilidade esta em forma de uma flagrante falta de proteção, que se traduz num descarado alvo fácil, já que é impensável que um jornal como A Bola possa continuar e exercer o seu papel de informação, no rigor e na abrangência, funcionando apenas com jornalistas da área de Lisboa, perante acontecimentos que se podem passar a 300 ou 500 quilómetros de distância. Isto em nome da melhor informação possível, não se podendo negar a abundância de conteúdo nas mais diferentes esferas desportivas no norte do país, nos diferentes distritos que engloba.

– Referir ainda que este critério geográfico aplicado se revela mais absurdo, levando em conta as últimas semanas de execução do trabalho diário, em que todos os quadros do jornal operaram em regime de teletrabalho. Um critério destes, neste contexto, é absolutamente condenável, ferindo a dedicação de todos que mantiveram o jornal como um órgão de referência e competitivo em momento tão crítico.

– Assim sendo, configura-se aqui um tratamento desigual, que promove incerteza quanto ao futuro dos profissionais da redação do Porto, face ao receio que este possa ser um primeiro passo para eliminar o referido espaço de trabalho.

Esta atitude da administração do jornal deixa claro que os trabalhadores de fora de Lisboa poderão contar apenas com eles próprios dentro da estrutura do jornal, quando chegar a altura de mais uma daquelas tristemente célebres “reestruturações” que acaba, invariavelmente, com mais despedimentos e mais precariedade. Mas fica a certeza de que não estão sozinhos, como não estão outros milhares de trabalhadores de outras áreas.