A Síria, outra vez

Internacional

Os Estados Unidos da América desencadearam uma acção punitiva unilateral contra a Força Aérea síria, na sequência dos acontecimentos de Idlib que permanecem no fundamental por esclarecer. Cinquenta e nove mísseis foram disparados a partir de dois navios de guerra, tendo como alvo uma base aérea em Shayrat, a sudoeste de Homs.

Esta acção norte-americana, que de resto não é a primeira (durante a administração Obama, por exemplo, foram bombardeadas posições do exército sírio em Deir ez-Zor, numa acção alegadamente “acidental” durante um cessar-fogo), pode ser interpretada à luz de motivações diversas, sendo que nenhuma delas tem a mais leve relação com as vítimas civis da guerra em Idlib, o último “bastião” dos “rebeldes” expulsos da cidade de Alepo.

O suposto “ataque químico do regime” contra objectivos em Idlib é tão desprovido de sentido como outros anteriormente utilizados como pretexto para iniciativas militares e diplomáticas contra a Síria (bombardeamentos contra povoações turcas ou o ataque de Ghouta, por exemplo). Em nenhuma dessas circunstâncias foi feita prova cabal e definitiva sobre as responsabilidades directas das autoridades sírias. E no entanto tudo no discurso mediático nos leva a acreditar que as responsabilidades são inequívocas.

A guerra síria leva sete anos de duração e se há aspecto que durante este período tem sido saliente na política das forças armadas sírias ele é a capacidade demonstrada de evitar provocações e pretextos que abram uma janela de oportunidade para o desencadeamento de hostilidades por parte de exércitos da NATO ou seus aliados regionais (Arábia Saudita e Israel, no fundamental) em socorro dos grupos jihadistas. O suposto ataque químico de Idlib, relativamente ao qual permanece por demonstrar a responsabilidade da aviação síria, enquadrar-se-ia numa reversão surpreendente e injustificada desta política.

Que interesse teriam as forças militares sírias na utilização de armamento proibido numa operação militar de limitadas consequências, numa fase da guerra em que a supremacia é evidente, e quando muitos olhos neste mundo aguardam com avidez um pretexto para dar aos “rebeldes” o tempo e a força que lhes vai escapando?

4 Comments

  • mensagensnanett

    9 Abril, 2017 às

    «Tudo como dantes. Quartel em Abrantes» não é bem assim!!!
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    O grande legado de Donald Trump foi as REACÇÕES aos seus discursos:
    -1- o pessoal com uma elevada taxa de natalidade (um exemplo: islâmicos) é altamente amigo… pois, desde que… não seja posta em causa a sua condição de «DONOS DISTO TUDO».
    -2- os «donos disto tudo» têm um completo desprezo pelos povos nativos (na América do Norte, na América do Sul, na Austrália) que procuraram sobreviver pacatamente; e que, como eram economicamente pouco rentáveis, levaram com um holocausto massivo em cima… porque tiveram o «desplante» de querer ter o SEU espaço no planeta e de querer prosperar ao seu ritmo.
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    Anexo:
    DEMOGRAFIA E SEPARATISMO-50-50: Todos Diferentes, Todos Iguais… ou seja, todas as Identidades Autóctones devem possuir o Direito de ter o SEU espaço no planeta -» inclusive as de rendimento demográfico mais baixo, inclusive as economicamente menos rentáveis.
    -» Os 'globalization-lovers', UE-lovers e afins, que fiquem na sua… desde que respeitem os Direitos dos outros… e vice-versa.
    —» blog http://separatismo–50–50.blogspot.com/.
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    P.S.
    É necessário um activismo global
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    Democracia sim; todavia, a minoria de autóctones que se interessa pela sobrevivência da sua Identidade… tem de dizer NÃO ao nazismo-democrático, leia-se: é preciso dizer não àqueles que pretendem democraticamente determinar o Direito (ou não) à Sobrevivência de outros; isto é, é preciso dizer não àqueles que evocam pretextos para negar o Direito à Sobrevivência de outros.
    [nota: nazismo não é o ser 'alto e louro', bla bla bla,… mas sim a busca de pretextos com o objectivo de negar o Direito à Sobrevivência de outros!]
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    -» Imagine-se manifestações (pró-Direito à Sobrevivência) na Europa, na América do Norte (Índios nativos), na América do Sul (Índios da Amazónia), na Ásia (Tibetanos), na Austrália (Aborígenes), ETC… manifestações essas envolvendo, lado a lado, participantes dos diversos continentes do planeta… tais manifestações teriam um impacto global muito forte.

  • Edgar

    8 Abril, 2017 às

    Este comentário foi removido pelo autor.

  • Nunes

    7 Abril, 2017 às

    Segundo últimas notícias, os mercenários treinados pelo Pentágono no uso de armas químicas e com a chancela «ISIL» já reocuparam algumas posições perdidas e se dirigem novamente à cidade de Palmyra.
    Este ataque é uma nova tentativa americana em redesenhar o mapa do Médio Oriente. Também prova que Trump mais não é que uma marioneta nas mãos da estrutura criminosa do Pentágono, a soldo das grandes corporações americanas.
    O Mundo está novamente em perigo. Será que a humanidade vai deixar um louco na Casa Branca queimar e destruir mais o planeta?

  • Edgar

    7 Abril, 2017 às

    Armas químicas…ataque com mísseis…a segurança dos EUA…tudo faz relembrar o Iraque, as mentiras, a propaganda e a destruição de um país soberano.
    Será que, responsavelmente, o governo português, exigindo o respeito pela leis internacionais, vai corrigir a posição da Cimeira dos Açores e se vai demarcar deste ataque que pode provocar uma guerra nuclear?

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