Avaliação à moda antiga

Nacional

P: Explique, utilizando no máximo 427 palavras, por que motivos são necessários exames nacionais como instrumento de classificação escolar.

R: Em primeiro lugar, os exames nacionais são a única forma de assegurar uma bitola igual para todos, independentemente das condições em que realizam o seu percurso escolar.

Significa isto que serão colocadas a um estudante de uma escola empobrecida, sem meios, sem ginásio, com falta de professores, psicólogos e auxiliares, filho de uma família pobre e destroçada pelo desemprego e pela exclusão, sem dinheiro para pagar explicações ou sequer acesso permanente à internet, exactamente as mesmas perguntas e condições de tempo e de exigência que a um estudante que estuda num colégio privado ou numa escola pública da elite, onde existem todos os meios materiais e humanos, que faz parte de uma família com recursos, capaz de pagar computador portátil, internet, livros e manuais escolares, explicações, e ainda as aulas de rugby. Portanto, só com exames nacionais podemos garantir que a cassificação substitui a avaliação, assegurando consequentemente que os mais elevados níveis de escolaridade e do conhecimento ficam reservados aos segundos. Todos sabemos que a ideia de que devemos tratar de forma diferente o que é diferente só se aplica a direitos e não a deveres.

Em segundo lugar, os exames nacionais são a única forma de encontrar um mecanismo de classificação (que não é o mesmo que avaliação), que elimine a subjectividade do professor que acompanha o estudante sujeito a classificação.

Esta questão não é de menor importância na medida em que a a contextualização educativa no plano sócio-económico beneficia os estudantes que integram meios sociais degradados. Ou seja, não podemos permitir que os professores tenham em conta o contexto social em que o percurso escolar é desenvolvido por um determinado estudante. Para uma classificação adequada é preciso eliminar a subjectividade do professor e diminuir o peso da chamada “avaliação contínua” – resquícios dos delírios de Abril – na medida em que esses processos não são úteis para a selecção dos estudantes. A selecção é, afinal de contas, todo o objectivo deste processo de treino e formação que dá ainda pelo nome de “processo de ensino-aprendizagem”, um outro resquício do folclore pedagógico socialista.

Em terceiro lugar, o exame nacional é um bom instrumento para nivelar e avaliar o sistema, combatendo o empolamento das notas feito pelas escolas, principalmente as privadas e de assim, combater assimetrias entre os procedimentos avaliativos de cada escola.

Este motivo é o mais sólido, na medida em que, apesar de poder ser utilizado como quase indestrutível argumento, quem chumba por regra é o estudante mais pobre, raramente o mais rico e nunca, mesmo nunca, o sistema que supostamente está a ser avaliado.