CTT privatizados: sempre a piorar!

Nacional

Não era preciso que a ANACOM viesse confirmar – outra vez! – aquilo que os portugueses já tinham percebido. É daqueles casos em que os indicadores estatísticos não são essenciais para se perceber o que está em causa. Qualquer pessoa que recorra aos Correios constata, cabalmente, estar perante a decadência de um serviço outrora fidedigno e competente, mas hoje quase completamente despedaçado por uma gestão privada dúplice: por um lado, eficaz a retirar dividendos para o bolso de quem a gere; por outro, incompetente a prestar um serviço que continua a ser essencial e insubstituível. O Governo PS nada faz… porque não quer.

Segundo o mais recente relatório, «os CTT falharam todos os indicadores de qualidade do serviço postal universal em 2022». Tecnicamente, «todos os IQS [indicadores de qualidade de serviço] se encontram aquém dos respectivos objectivos de desempenho fixados para o ano 2022». E, sublinhe-se, isto não é novo: já é assim desde 2018, embora nos anos anteriores – desde esse marco trágico que foi a desgraçada privatização feita pelo governo de Passos Coelho – já se tenha visto a degradação de serviço com impacto directo na vida das populações, nomeadamente com o fecho imediato de balcões e postos.

Entretanto, como sabemos, veio o PS para o governo. Não veio foi a vontade política de fazer diferente dos governos da troika. A 12 de Março de 2020, um deputado do mesmo partido classificava hipocritamente a privatização dos CTT «como um “manifesto erro”, escrito “em letras gordas”, que coloca Portugal como um dos poucos países com um “serviço postal universalmente privatizado”». Há poucos meses, o ministro João Galamba dizia praticamente o mesmo, mas acrescentando logo em seguida, sem se rir, que «não se deve voltar a nacionalizar» e que o melhor a fazer é… «aguardar».

O governo PS pode, e deve, aplicar o que está previsto nas cláusulas contratuais acordadas: a reversão para o Estado em caso de estar em causa a manutenção e qualidade do serviço. Pode e deve, mas não faz. Não faz não porque não possa, ou não deva, mas porque não quer. Porque atrás de explicações absurdas e vazias, o PS faz o que sempre tem feito: coloca-se ao lado dos interesses instalados, coloca-se do lado do capital.

1 Comment

  • Anónimo

    28 Junho, 2023 às

    E pagam misérias, inclusivé salários mínimos no banco. Mesmas funções, diferentes remunerações, é à vontade do patrão e do gestor Armando Torres.
    Já os desgraçados que andam na rua a entregar o correio, até aos fins de semana são obrigados a trabalhar porque os correios não asseguram os lugares das reformas, baixas etc.
    Só contratos a termo e sempre a rodar. Enfim
    É surreal o que se passa naquele serviço.

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