Eleições municipais na Venezuela

Nacional

O povo venezuelano vai a votos no próximo domingo. Quatro anos depois, dezenas de milhares de candidatos dão a cara pelo projecto bolivariano para as eleições municipais. Como é hábito, a direita apostou na mentira e na destabilização. Copiando a metodologia do golpismo chileno, sucederam-se as sabotagens na distribuição eléctrica e na rede de transportes. O açambarcamento de produtos e a especulação nos preços obrigou Nicolás Maduro a impor a regulação de preços no mercado. A importância do acto eleitoral é maior do que se pensa.

Há menos de um ano, após a morte do comandante Hugo Chávez, a batalha pela presidência era entendida como uma etapa crucial para a sobrevivência da revolução bolivariana. Desta vez, embora não tenha a mesma carga política e as eleições sejam de âmbito local, trata-se de um teste à capacidade dos candidatos bolivarianos e à reacção do povo venezuelano às últimas medidas económicas do governo de Nicolás Maduro. De todas as formas, um eventual mau resultado não tem tradução possível para discursos que espelhem a derrota do projecto bolivariano. Porque no passado já houve resultados menos bons em eleições municipais seguidas de eleições presidenciais com o apoio esmagador do povo venezuelano ao processo encetado por Hugo Chávez.

Nem sempre coincidentes com as propostas e a gestão municipal do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), o Partido Comunista da Venezuela (PCV) apresenta candidaturas alternativas em 25 municípios. Tampouco isto significa uma ruptura entre as duas organizações. Apesar da análise crítica e de uma visão coerente com a sua trajectória revolucionária, o PCV participa ao lado do PSUV em 92% das localidades venezuelanas. Ao contrário do que acontece em Portugal, não só o voto é electrónico como cada boletim apresenta uma configuração diferente que permite que se escolha um candidato votando opcionalmente em qualquer um dos partidos que o apoie. Portanto, será possível também como até agora avaliar as oscilações eleitorais de cada organização que compõem o campo eleitoral bolivariano. E bem longe das mentiras que nos chegam através da imprensa, a Venezuela é a caricata ditadura mais sufragada da história. É isso que dói aos adeptos do parlamentarismo burguês.