As t-shirts com bandeiras americanas colavam-se aos corpos, bonés vermelhos MAGA (Tornar a América Grandiosa Novamente) saltavam como tampas de cabeças inchadas para que os seus donos recolhessem o suor, várias mulheres abanavam leques ao ritmo de música country, procurando em vão refrescar as carnes brancas, cozidas em banho-maria num estádio de Panama City, na Florida, que, nessa tarde de 8 de Maio de 2019, indicava 34 graus. E estava a aquecer. Finalmente, anunciado por uma voz histriónica como um lutador de wrestling, Trump surgiu em palco, apoteótico, engravatado e fisicamente imune ao aquecimento local e global. O comício entrou em ebulição. Perante a visão do magnata, uma enorme massa humana, com as credenciais da classe laboriosa estampadas no rosto, levantou-se. Parecia ter-se esquecido momentaneamente do insuportável calor, pegajoso e húmido. A maioria gritava «Trump! Trump!», alguns pediam a construção do muro, já outros, desactualizados, entoavam consignas pela prisão de Hillary Clinton. Igual a si próprio, o presidente garantiu ser o melhor presidente de sempre em todas as áreas da actividade humana e ridicularizou os seus adversários democratas. O público ora ria, ora aplaudia efusivamente. «Eles não param de chegar» avisou, grave, o presidente, «estamos muito preocupados, são pessoas muito más» O comício emudeceu «Estamos a construir o muro e vamos tornar a América grandiosa novamente, mas não se esqueçam: não os deixamos [os guardas na fronteira] usar armas. Não os deixamos. Outros países deixam. Nós não. Como paramos esta gente?». Alguém no público gritou: «Matando-os!». Trump riu-se. A massa humana acompanhou-o no sentido de humor.
Fazendo eco das palavras e dos risos de Trump, no dia 3 de Agosto, um fascista abriu fogo num hipermercado de um bairro latino de El Paso, no Texas, matando 22 pessoas. Num manifesto publicado na internet, o terrorista fez saber que estava a combater a «invasão hispânica». Entre 31 de Agosto e 3 de Julho, em menos de quatro dias, três tiroteios indiscriminados em Gilroy, na Califórnia, em El Paso, no Texas e em Dayton, no Ohio mataram 34 pessoas e feriram pelo menos 60. Somam-se aos 256 tiroteios em massa que ocorreram só nos primeiros sete meses deste ano, uma média de 1,2 tiroteios em massa todos os dias.
Os tiroteios em massa e o fascismo são dois sintomas da mesma patologia social. A violência fermentou um século na sociedade estado-unidense e transborda agora em tiroteios e em fascismo. A violência foi ritualizada no cinema, entornada em guerra contra o mundo inteiro, tolerada no quotidiano da polícia, justificada pelo racismo e empunhada orgulhosamente pelos pais-fundadores para escrever as páginas da História. Mas a forma de violência mais prevalecente, e a mais insidiosa, é a desigualdade que premeia todos os aspectos da vida social e política nos EUA. O descontentamento social ou é revolucionário ou é patológico e nos EUA ele transforma-se em frustração e em alienação que intensificam todas as formas de psicopatia, racismo, homofobia e xenofobia. Em Nova Iorque, o barulho de uma mota foi confundido com tiros, e milhares de pessoas atropelaram-se em Times Square numa fuga descontrolada, fazendo dezenas de feridos. O clima de pânico permanente generaliza-se, alimenta-se de si próprio e, sobretudo, favorece Trump.
Os comentários racistas de Trump encorajam os atentados que por sua vez justificam a concentração de mais poderes securitários e o fortalecimento do aparelho repressivo do Estado. Trump não é apenas cúmplice dos atentados fascistas, é o seu autor. E foi como tal que foi recebido em El Paso onde foi deixar os cínicos «pensamentos e orações». Milhares de pessoas, incluindo os profissionais de saúde que cuidavam das vítimas, protestaram nas ruas contra a presença do Presidente.
No dia seguinte ao atentado fascista, no Mississipi, o ICE, a infame polícia migratória, deteve em plena jornada de trabalho 680 operários «imigrantes ilegais». Segundo a Newsweek, desde 2016, o número de detenções de «imigrantes ilegais» em pleno local de trabalho aumentou 650 por cento. A pressão sobre os salários é directa. Dos 11 milhões de imigrantes não documentados que, segundo o Instituto Pew, vivem nos EUA, 8 milhões são trabalhadores no activo, totalizando mais de cinco por cento de toda a força de trabalho daquele país.
Os imigrantes detidos no Mississípi foram transferidos para um campo de concentração e sumariamente deportados, deixando centenas de crianças sozinhas, a dormir em ginásios de escolas ou entregues aos cuidados de vizinhos e amigos. Multiplicam-se, como um déjà-vu que provoca calafrios, os relatos de filhos de imigrantes escondidos em sótãos e caves. Há mortos por identificar em El Paso porque os familiares têm medo de ser deportados e vários órgãos de comunicação social dão nota de feridos que se recusaram a entrar num hospital. E há 11 milhões de pessoas, tantas como os portugueses, marcadas como sub-humanos, que se pode explorar, escravizar, violentar e matar livremente.
«Livremente». Voltemos comício de Trump na Florida. «Eles podem ir-se embora livremente ou podem pagar o preço. Esta é a terra da liberdade!», ironizou Trump. O comício riu novamente. E é por isso que eu suspiro pela ditadura do proletariado.
20 Agosto, 2019 às
SE para a Europa a vinda dos emigrantes de África é um novo colonialismo capaz de preencher as vagas abandonadas por uma classe trabalhadora engordada pelo mais antigo imperialismo e que viabilizará a manutenção das suas mordomias (entre elas, reformas e não ter de criar filhos); no caso dos USA a situação é bem diferente.
A comunada gostaria de ver os USA invadidos por toda a espécie de males do mundo e se a América Central e do Sul aí se despejasse e seria uma satisfatória aproximação.
20 Agosto, 2019 às
Infelizmente, os EUA (e não USA) estão a ser invadidos por toda a espécie de males do Mundo e em breve, para tua grande insatisfação, irão acabar. Os EUA estão condenados. É uma pena para ti, mas também um prostituto como tu não merece muita consideração.
24 Agosto, 2019 às
Um vocabulário assim para o rasca este de um fulano de nickname jose
"A vinda de emigrantes é um novo colonialismo"
Um conceito esdrúxulo, a recomendar a ida para a escola?
A iliteracia deste patronato medíocre é tramada. Saudades do colonialismo e do exercício da autoridade sobre o território ocupado e administrado por um grupo de indivíduos com poder militar…como aconteceu com o português?
Ou apenas a ponta do véu a demonstrar aquele racismo larvar que permaneceu entre as hostes colonialistas?
24 Agosto, 2019 às
A coisa continua:
" por uma classe trabalhadora engordada pelo mais antigo imperialismo"
Engordada? A classe trabalhadora "engordada"?
A fotografia é feia. Este está equivocado na engorda e em quem engorda.
Percebe-se que para um patronato néscio, a desfazer-se em gordura, há que passar esta ideia, para que não se vejam as banhas obscenas dos porno-ricos. Porno-ricos de resto defendidos obscenamente por este jose
Quem engorda sabemos nós quem é. Jose apenas está a fazer-se de parvo. Tal como o seu capitalismo e o revisionismo.
24 Agosto, 2019 às
E continua:
"viabilizará a manutenção das suas mordomias (entre elas, reformas e não ter de criar filhos)
Mais uma vez o disparate aliado à boçalidade
Mordomia para este será o direito à reforma?
Defende jose os porno-ricos. Andou a suspirar pelo antónio borges mais o seu não pagamento de impostos, como membro Por direito da famiglia. Andou de vela na procissão pela alma e pelo saque de todo o banqueiro terratenente e outras tretas adjacentes. Lacrimejou pelo Belmiro e pelo S. dos Santos, todos eles encavalitados nas suas pesadas e exorbitantes mordomias…
E vem este falar em mordomias…?
a reforma?
Mais a referência idiota à criação dos filhos?
Saia aí mais um prémio para a mesa do jose
24 Agosto, 2019 às
E continua:
"no caso dos USA a situação é bem diferente.A comunada gostaria de ver os USA invadidos por toda a espécie de males do mundo"
("Comunada"? Já percebemos. Agora deita mas antes vai fazer as necessidades ao pé da árvore.)
Eis aqui de forma singela e catita, desnudado e com a sua nudez obscena, aquilo que move e comove jose desde o início
Trump e os USA. Um caso de amor e paixão,por vezes com arrufos de namorado ciumento ou submisso
O bom e o mau capitalismo, o revisionismo e Pavlov. Tudo tretas
As cenas macacas e o esforço esforçado para jose esconder o que se denuncia não passaram
O que temos é este love affair de jose por trump… e pelo imperialismo
19 Agosto, 2019 às
Faz jose tudo o que é possível para desviar para outro lado o que é abordado nesta posta. É-lhe desagradável que as pessoas possam reflectir sobre este texto
Faz também estes floreados amaneirados para tentar ocultar o seu grau de comprometimento com trump e a sua política. É demasiado repugnante para que jose não o tente apagar
A prova são as idiotices para onde quer levar o debate. A estupidez tem limites e não vai servir de biombo ao jose
19 Agosto, 2019 às
A primeira é esta manifestação amorosa ( embora disfarçada ) de jose por trump
A segunda é a confirmação das peles em uso por jose (e aqui focadas na posta).
Uma, o fascismo,outra a sua cumplicidade soturna, macabra e sinistra com o modus operandi aqui denunciado
19 Agosto, 2019 às
Infelizmente a história permanece mal contada
Diz jose:
"O Trump põe barreiras para a entrada no inferno capitalista"
Jose quer que nos esqueçamos que a maior parte deles foge desse mesmo inferno. Foge de locais onde o inferno se abateu mercê da delapidação de recursos, do saque colonial, da miséria extrema, da exploração desenfreada, do magistério do Capital
E foge dos sítios onde o Imperialismo se banqueteou, em toda a sua sinistra bestialidade, mercê de guerras directas e por procuração
(Agora também em moda a construção de muros e de bloqueios. O exemplo de Cuba não chegava. Alastra a todo o mundo as suas garras imperiais)
19 Agosto, 2019 às
Atenção!
Haverá uma capitalismo mau e um capitalismo bom? Temos revisionismo?
19 Agosto, 2019 às
Como?
A imbecilidade toma lugar no argumentário deste tipo ou isto é apenas uma fita de contorcionista dúbio para ver se apaga duas ou três coisas a que indelevelmente ficará ligado?
19 Agosto, 2019 às
Tanto aborrecimento, Jose. O que te dói? Para onde vais, Jose?
18 Agosto, 2019 às
Amores correspondidos ou disfarçados a merecerem de jose respostas pavlovianas adequadas?
O tema inquieta-o porque de tanto serem referidos os seus peculiares reflexos, Ivan Petrovich Pavlov incomoda-o o suficiente para recorrer à sua ajuda.
Mas há uma coisa que merece ser desde já salientada.
É o silêncio sepulcral perante o denunciado aqui.O seu silêncio sobre o circo fascista e sobre os massacres cometidos
A cumplicidade também se escreve com atoardas do calibre em uso pelo jose
Quando defendeu o colonialismo e a entrada sem barreiras do inferno capitalista, traduzia a sua indignação num "Para Angola e em força"
Agora, assim deste modo pungente e urgente, assume-se como um bovino admirador dos métodos de trump.
Com o seu silêncio subscreve os comentários racistas de trump que propiciam os massacres citados
Afinal os tiroteios em massa e o fascismo são dois sintomas que se lhe colam como uma segunda pele?
Do fascismo já o sabíamos. Agora de cúmplice colaborador de massacres é novidade
18 Agosto, 2019 às
Quando havia barreiras para sair do paraíso da 'ditadura do proletariado' a comunada calava-se.
O Trump põe barreiras para a entrada no inferno capitalista, a comunada indigna-se!
Ivan Petrovich Pavlov que explique.
18 Agosto, 2019 às
Estes amores de jose por trump…
19 Agosto, 2019 às
Assim fala o «gay» Jose, apaixonado por Trump.
18 Agosto, 2019 às
A ditadura do proletariado pode vir a acontecer na América… O capitalismo está a viver um clima de desespero e tudo aquilo que os chamados "democratas" fazem é culpar os russos das políticas seguidas por Trump. Até mesmo o caso Jeffrey Epstein demonstra o desnorte que vai entre comunicação social dominante e o sistema de poder corrupto. Quem diz a mentira e quem esconde a verdade?
23 Agosto, 2019 às
Não, não pode vir a acontecer, pelo menos neste momento histórico. O capitalismo fez bem o seu trabalho, pelo que cada proletário nos EUA acha que é apenas um milionário a passar um mau bocado e que um dia vai chegar à riqueza se trabalhar muito. Não há nenhuma consciência de classe.
18 Agosto, 2019 às
Um excelente texto