Autor: António Santos

A locomotiva da História saiu do apeadeiro

“A primeira semana é a que mais custa”. A promessa é de Olinda Gonçalves, preparadora, embaladora, lutadora, “por isso é que até já disse aos colegas: quando houver outros trabalhadores como nós, eu quero estar lá com eles na primeira semana”. Esta é a história de como 130 trabalhadores dos bares dos comboios venceram ministros e patrões, salvaram os postos de trabalho e se fizeram heróis das suas próprias vidas.

54 dias, 54 noites. Sem salário nem emprego, abandonados pelo governo. Acampados à chuva e ao sol, ao frio e de noite, dia após dia, sob o açoite do vento. “É duro”, explica Olinda, “casais com filhos pequenos a chorar porque não tinham nada para lhes dar de comer. Eu chorei muito. Lá [no acampamento] não chorava, para não dar parte fraca. Mas olha, isto podes escrever aí em letras grandes: EU NUNCA PENSEI EM DESISTIR”.

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O Estado-Galamba e a “pessoa de bem”

João Galamba tem razão: o Estado é uma pessoa de bem, a questão é que depende para quem. Se a matéria em apreço for o bónus de três milhões de euros prometido à gestora da TAP como recompensa pela privatização, então sim: o Estado honra a palavra dada. Mas se estivermos a falar dos 130 trabalhadores que asseguram o serviço de bar e refeições nos comboios da CP, então esse mesmo Estado “pessoa de bem” já não garante nada. Nem o emprego, nem o serviço público, nem sequer o salário de Janeiro, que continua por pagar.

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Dizem STOP, MAS mentem

A FENPROF votou a favor de serviços mínimos para a greve dos professores? André Pestana, Renata Cambra, Raquel Varela, entre outras figuras próximas do STOP-MAS, insinuaram que essa deliberação unânime do colégio arbitral contou com o voto favorável do representante dos trabalhadores indicado pela CGTP. Isto é mentira, e os dirigentes do STOP-MAS sabem-no.

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Dicionário de confusões conceptuais

Há uma guerra pelas nossas palavras. Elas são os instrumentos com que explicamos o mundo e a história ensina-nos que só o consegue transformar à sua vontade quem o consegue explicar. Da mesma forma que os negreiros tinham o cuidado de separar os escravos em grupos que não falassem a mesma língua, o capital verte milhões em campanhas de confusão conceptual, na promoção de novas categorias, na erradicação de certos vocábulos e na substituição de umas palavras por outras, aparentemente com o mesmo sentido. Este dicionário é um breve contributo para desfazer algumas das maiores confusões semânticas, conceptuais e ideológicas dos nossos tempos.

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Z: Zelensky

Z: Zelensky

A guerra canonizou-o. São Zelensky nem teve subir a uma azinheira para aparecer aos portugueses como o presidente perfeito que nunca tivemos: corajoso, altruísta, humilde e honesto; um marido invejável na corrida ao Prémio Nobel da Paz; material incorruptível para fronhas e velinhas à prova de extremistas e oligarcas. Tudo muito lindo, mas devagar com o andor que o santo é de barro.

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Y: youtube

Y: Youtube

Corriam os idos de 2006 quando a revista Time convidou o público, investido digitalmente com o poder da web, a decidir democraticamente quem seria a “pessoa do ano”. Dada voz à internet, a internet falou e elegeu, com 35% dos votos, Hugo Chávez. Mas, em vez do democraticamente eleito Hugo Chávez, nesse ano, a pessoa do ano foste «TU». O florão numa janela de Youtube, num ecrã de iMac, na capa da revista, vinha acompanhado da epígrafe «Sim, tu, tu controlas a idade da informação. Bem-vindo ao teu mundo». Estava dado o mote para a democracia na era das redes sociais.

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Olá TVI, a portuguesa na Ucrânia é neonazi

A TVI acaba de transmitir a entrevista a uma enfermeira portuguesa “integrada num pelotão internacional”. Uma heroína sem medo da morte “lutando com muito amor, com muita vontade”. Só há um pequeno problema: “a única portuguesa na linha da frente” que a TVI arranjou é uma conhecida neonazi.

Chama-se Ana Cristina Cardoso e foi para a Ucrânia com o fascista cadastrado Mário Machado. Foi militante da organização neonazi Nova Ordem Social e uma das organizadoras da infame marcha nocturna das máscaras e das tochas, à moda do KKK, em frente à sede do SOS Racismo.

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Justiça portuguesa ajuda neonazis a voltar a matar

Foi assim que um juiz português justificou a alteração da medida de coacção do conhecido e cadastrado neonazi Mário Machado para ajudá-lo a ir combater para a Ucrânia: “assim sendo, e considerando a situação humanitária vivida na Ucrânia e as finalidades invocadas pelo arguido para a sua pretensão, o arguido poderá deixar de cumprir a referida medida de coacção”.

Mário Machado, um dos assassinos de Alcindo Monteiro, é um criminoso condenado por várias agressões, roubo, sequestro, coacção, posse ilegal de arma, extorsão, discriminação racial, difamação, entre muitos outros crimes. A justiça portuguesa acaba de validar “as finalidades invocadas pelo arguido”, ou seja, juntar-se a grupos armados de extrema-direita, obter treino e experiência militar e voltar matar. É essa “a sua pretensão”.

Não passarão.

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