isto continua assim…

Nacional

Aqui está uma boa imagem do que tem sido esta campanha eleitoral no sistema mediático. Quarta-feira antes do Domingo eleitoral, a SicNotícias entendeu fazer um debate convidando apenas representantes de PSD, PS, CDS e BE. Claro, mais uma vez um representante da CDU ou alguém desta área política ficou de fora.

Já aqui foi escrito e descrito com um forte exemplo, larguíssimos meses antes do início da campanha eleitoral, o que se fazia, porque se fazia, quais os objectivos e interesses, os responsáveis, os promotores e outros cúmplices deste tipo de discriminação, que sendo diária, em período eleitoral se agudiza e agrava com naturais e desejadas consequências eleitorais. Rigorosamente, ontem foi  só mais um momento a somar a tantos outros.
Mas que fique claro, ainda há gente séria a trabalhar na comunicação social, mesmo durante esta campanha eleitoral, sendo que neste blogue também já se citou um bom exemplo de um bom trabalho.

Há quem diga, num exercício de desilusão e frustração, que não vale a pena a denúncia, porque sempre foi assim, porque já se sabe, porque tudo fica na mesma…mas é importante não desistir. Porque é uma denúncia que comporta uma expressão do confronto político e ideológico, clarificando papéis e alianças. Não por acaso ao caso estão na imagem 3 ex-ministros de PSD, PS e CDS e um dirigente BE. Não foi por acaso que foi a CDU a única força parlamentar excluída.

Cinco aspectos têm que ficar desde já, salvo posterior aprofundamento, limpidamente claros:

1. A comunicação social dominante é hoje dominada, quer do ponto de vista económico quer facticamente nas opções editoriais, pelo grande poder económico nacional e estrangeiro, pelo Estado(e aqui por quem o dirige politicamente e ideologicamente) e pela igreja católica, sendo claro que serão sujeitos de simpatia dessa mesma comunicação social dominada os que sejam do agrado dos seus detentores que nomeiam, põem e dispõem nas chefias de redacção e direcção editorial os mais prestáveis para os mais miseráveis serviços;

2. Não é possível que nenhum democrata deixe de se sentir revoltado com os sucessivos episódios de rocambolescos e mal-disfarçados, quer sob a forma de notícia, quer em comentário(nas sondagens até as contas passaram a ser de sumir), episódios de discriminação da CDU;

3. É uma insídia para o Estado de Direito, o absoluto achincalhamento diário da Constituição da República e da vasta legislação sobre o sector, nomeadamente sobre a sua actuação em período de campanha eleitoral, bem como os silêncios comprometidos ou comprometedores(agora escolha o leitor) de quem tem por função cumprir e fazer cumprir a Constituição, mas também o alheamento ou abstenção da Entidade Reguladora da Comunicação e da própria Comissão Nacional de Eleições;

4. Não é expectável que os resultados eleitorais não sejam contaminados por aquilo que tem sido as preferências políticas e ideológicas dos poderes editoriais da comunicação social dominante;

5. Que fique claro a tudo e todos, quem não vive da comunicação social não morre pela comunicação social;

Continuamos na luta!

* Autor Convidado
Filipe Guerra