Parabéns e obrigado, companheiro

Internacional

Aos 89 anos, Fidel Castro continua jovem e de boa saúde. Continuará sempre. Porque há muitos anos que deixou de ser apenas a pele que habita, tornando-se na metáfora viva do que mais jovem tem este mundo decrépito.

Por isso, companheiro Fidel, parabéns por nos mostrares que é possível um Estado governado pelos trabalhadores, mesmo que cercado, vilipendiado, bloqueado e atacado por todos os quadrantes, fazer mais e melhor que o resto do mundo.

Obrigado por inaugurares a primeira terra livre de analfabetismo na América Latina. Ainda hoje, Cuba continua a ser o país da América Latina com a menor taxa de analfabetismo e a maior percentagem de escolarização. É a própria UNESCO que te dá os parabéns, Fidel, quando atribui a Cuba o maior índice de Desenvolvimento na Educação do mundo.

É também a UNICEF que te dá os parabéns, quando escreve que «Cuba é um exemplo de protecção na infância» e que «Cuba é um paraíso para as crianças da América Latina». Quem te dá os parabéns são também as crianças deste planeta que dormem nas ruas do Rio de Janeiro, de Porto Príncipe, de Luanda, de Washington, de Lisboa, de Paris, de todo o mundo, mas nunca da tua ilha.

Quem te dá os parabéns é a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) que reconhece que a tua pátria é «a única do Terceiro Mundo que erradicou a desnutrição infantil».

Quem te dá os parabéns é a Organização Mundial de Saúde, por dares ao mundo o país onde não há doenças estúpidas que apenas matam os pobres. De acordo com a OMC, Cuba foi «o primeiro país da América Latina a erradicar doenças infecciosas como o paludismo, a pertússis, a rubéola, a difteria, o sarampo, e a meningoencefalite», entre outros títulos mundiais, como o de «primeiro país do mundo a erradicar a transmissão da SIDA de mães para filhos».

Quem te dá os parabéns é a New England Journal of Medicine que declara que o teu país, que dispõe do maior número de médicos por habitante do mundo, «resolveu problemas que os EUA ainda não conseguiram resolver e tem o dobro do nosso número de médicos». Só um monstro é que, independentemente de diferenças políticas, não é capaz de reconhecer o mérito de alcançar, no contexto caribenho da Jamaica e do Haiti, um índice de mortalidade infantil de 4,1 por cada mil nascimentos, abaixo dos EUA, do Canadá ou da Grécia.

Quem te dá os parabéns é a ONU, por teres feito de Cuba o único país do continente que atingiu os Objectivos do Milénio, nomeadamente «erradicar a pobreza extrema e a fome», «alcançar a educação primária universal», «promover a igualdade de géneros e o poder das mulheres» e «reduzir a mortalidade das crianças com menos de cinco anos».

Quem te dá os parabéns é o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), que atribui ao teu sistema o impressionante título de «único país do mundo que atingiu o desenvolvimento sustentável».

Quem te dá hoje os parabéns é o teu povo, em 44.ª posição na lista do desenvolvimento humano. Mas não só os cubanos têm boas razões para celebrar neste dia: neste mundo há países que dedicam as suas economias a produzir bombas, espingardas, químicos tóxicos e doenças. Tu criaste um país que não exporta morte, mas vida. Desde 1963 o teu país enviou 132 mil médicos que foram oferecer voluntariamente a sua solidariedade e humanismo aos pobres de 102 países do mundo. Com a Operação Milagre, lançada em 2004, o teu sistema devolveu a visão a dois milhões e meio de pessoas em 28 países. Desde 2003, com o programa Sim, Eu Posso, os professores cubanos ensinaram mais de sete milhões de trabalhadores do terceiro mundo a ler e a escrever.

É por isso que o teu sistema também é o meu. É também por isso que a tua pátria adoptiva será sempre a humanidade.

Parabéns e obrigado por tudo, companheiro: mostraste-nos que o segredo de ser jovem aos 89 anos é nunca permitir que a nossa pequena gota de humanidade se dissolva no extenso oceano da barbárie alheia.