Propinas: A tragédia de gerações!

Nacional

Fui “apenas estudante” até ao 11.º ano. A partir daí fui sempre “trabalhador-estudante”. Não por escolha. Foi porque teve de ser. E porquê? Porque a Constituição não foi (como continua a não ser) cumprida. Apenas isso. Porque a palavra “tendencialmente” em “ensino tendencialmente gratuito” foi das mais graves e escandalosas armadilhas legislativas perpetradas ao povo português. Uma armadilha propositada, criminosa, que arrumou para canto gerações inteiras de estudantes que não o foram, ou que deixaram de o ser. Muitos foram “para onde podia ser”, “para o que dava” ou “para o mal menor”. No ensino, como em tudo o resto, a “livre-escolha” capitalista não passa de uma falácia, um engodo, uma ficção.

Quem andou pelo ensino superior nos últimos 20/30 anos, sabe bem que as propinas não foram senão uma tragédia. E se as propinas se tornaram num factor de sustentabilidade para universidades e institutos de ensino públicos, se tais entidades chegaram ao ponto de não conseguirem sobreviver sem elas, foi porque, entre outras coisas, os governos tiveram por opção política e ideológica transferir esse ónus directamente para as famílias, e não para um Estado que preferiu injectar dinheiro na banca ou em obras ruinosas para benefício de interesses privados.

Não preciso de um grande esforço de memória para me lembrar de casos de colegas com capacidades brutais, com grande potencial, carregados de motivação e que, no entanto, acabaram por não se candidatar ou até desistir do curso por imposição de pagamento de propinas. Talvez não dê para medir, quantificar ou qualificar as consequências e o impacto disto na sociedade actual e futura. Mas que elas estão lá, lá isso estão.

2 Comments

  • Jose

    17 Janeiro, 2019 às

    E 3ntão o crédito às micro, pequeninhas, pequenas e mediazinhas empresas?

    • Nunes

      18 Janeiro, 2019 às

      E então, não é que o porquinho do nazi do "Jose" voltou a escrever um comentário neste blog?

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