4 de Fevereiro

Internacional

Assinalam-se hoje, 4 de Fevereiro, os 53 anos do início da luta armada em Angola e, consequentemente, o início da guerra colonial ou guerra de libertação.

Em boa verdade, a resistência à ocupação terá começado no dia em que os portugueses pisaram o território que hoje é Angola, em 1484. Foram quase 5 séculos de conflitos permanentes: quando os portugueses perceberam que não encontravam ouro no curso do rio Cuanza resolveram explorar uma outra riqueza, a força de trabalho. Calcula-se em cerca de 3 milhões os homens e mulheres arrancados à sua terra e transportados à força para o outro lado do Atlântico. Muitos morreram nos porões do barcos. Só depois da abolição da escravatura é que os portugueses iniciaram a exploração para o interior de uma terra que diziam sua. Em 1890, a Inglaterra faz um ultimatum a Portugal. Em causa estava a disputa de um vasto território que nenhum dos estados conhecia. Só em 1905 é que os portugueses conseguem pisar as fronteiras orientais de Angola. A partir daqui intensifica-se exploração de novos recursos, sobretudo do petróleo e dos diamantes.

Esta é a história de Angola, mas pode bem ser a história de todos os povos que viram as suas terras ocupadas e exploradas, a sua dignidade violada e as suas energias sugadas até à exaustão. Esta história continua infelizmente a repetir-se, sempre mascarada de intenções libertadoras: desde a libertação do pecado com o trabalho escravo até às modernas libertações de ditadores à lei da bomba, o inferno são sempre os outros, a insídia nunca é assumida.

Independentemente do caminho feito pelos angolanos desde o 4 de Fevereiro de 1961, independentemente da nova forma de colonialismo que impera naquele país, independentemente do curso político que foi traçado, a luta pela independência vale sempre a pena.

Deixo-vos aqui um texto do meu livro da 2ª classe, um livro publicado 3 anos depois da independência.