A Graça e as indignas feministas do “buço armado”

Nacional

Este texto carece de duas explicações: eu sou de Viseu e venho aqui de vez em quando matar saudades da família, da comida e de alguns amigos; o “Jornal do Centro” é um jornal semanal do distrito, e todas as semanas uma pessoa de cada partido com assento na Assembleia da República escreve uma crónica. Para compreender este texto é preciso ler a crónica da Graça Canto Moniz, do CDS/PP de Viseu – é só clicar na imagem, não custa nada.

A Graça, durante toda a sua crónica, tenta escrever em tom irónico, numa espécie de brincadeira jovial, tão jovial como a foto sorridente que acompanha o texto. Na primeira coluna, enfim, a coisa vai, jovial lá está, meio demagógica como é normal no seu partido, e portanto nem vale muito a pena comentar. Apenas uma pequena nota para o messianismo que tem pairado sobre a política nacional. Para a Graça, a “palavra do senhor” é a do Paulo Portas, para o PS e seus próximos é do Costa e para o PSD está à beirinha de ser do Rio. Curiosamente, aqui há atrasado, ouvia o António Guerreiro dizer que às vezes lhe parecia que a esquerda que ainda diz “proletariado”, estava à espera de um messias. O António Guerreiro às vezes dá tiros muito ao lado da realidade…

Adiante e com a Graça. No resto do texto, a Graça está felicíssima porque as duas listas candidatas à concelhia de Viseu do CDS/PP incluíram “belas mulheres”! E “cultas”! Mas a Graça não deixa os homens para trás, porque também é feliz quando eles são belos e cultos, “by the way”.

O resto do texto deixo às e aos leitores o prazer de ler sem o anotar e conspurcar com as minhas palavras Ele é tão charmoso, tão inclusivo, tão poético, que se explica a ele mesmo.

Deixo só um conselho à Graça:

– Querida, reveja, por favor, se por acaso as mulheres de buço e todas despenteadas de que fala, não são apenas mulheres que não têm dinheiro para, nas lojas da especialidade ou em casa, tratarem de se arranjar mais. Ou se simplesmente não se acham mais bonitas assim.
Sabe, eu conheço algumas feministas, e tenho a sorte e o privilégio de conhecer feministas de todas as formas e feitios e de todas as classes sociais. E caramba, deixe-me que lhe diga que algumas das mais activistas que conheço são elegantérrimas! Donas de tailleurs trabalhados pelos melhores costureiros e senhoras de um nível intelectual muito superior ao meu, que sou homem, e ao seu, que é a Graça – by the way, isto sou eu a meter-me consigo, não fique triste, é só para ter piada.

E é muito isto. Eu vou continuar a vir a Viseu de vez em quando, vou continuar a gostar da minha cidade por muitos motivos. E as coisas que nela me desagradam não me farão deixar de gostar dela, foi aqui que nasci, e por enquanto isso é superior ao resto. E a verdade é que Lisboa ou outra cidade do país, não é assim tão diferente de Viseu na grande maioria das coisas, só muda a escala.

Infelizmente, pessoas e textos da família deste, parvos e preconceituosos, são espécies que desagradavelmente não estão em vias de extinção por aqui. Mas uma coisa é certa, se as pessoas tiverem de escolher entre ler a Graça ou os livros de BD do Tio Patinhas, só as do Século XIX é que escolhem a Graça. Vinha no Darwin.

* Autor Convidado
André Albuquerque