A gripe de São José

Nacional

No passado sábado, no diário da Sonae, Público, São José Almeida, redatora-principal, decidiu gastar 4.072 carateres com o PCP, algo que costuma fazer apenas na altura dos Congresso do Partido, quando, talvez mais por vergonha do que por decência, o jornal se vê obrigado a fazer uma abertura de página com o evento. São José Almeida saca da pena e dispara em todas as direções: Critica o decreto que permitiu as celebrações do 1.º de Maio; omite o motivo que levou os festivais a não se realizarem; mente ao dizer que o PCP afirmou que estariam 100.000 pessoas por dia na Festa; está preocupada com os custos eleitorais do PCP e assume uma questão que é lapidar: se houver um aumento de casos, a opinião pública atribuirá essa responsabilidade ao PCP. E isso, para São José, é um dado adquirido mesmo que não seja verdade, e não lhe passa pela cabeça, enquanto jornalista, desmontar essa perceção pública. Vamos passar à frente as considerações que faz sobre Álvaro Cunhal, porque o legado do antigo Secretário-Geral do PCP o dispensa.

Mas São José vai mais longe: “O PCP tem ocupado o espaço noticioso não com reivindicações políticas de aumentos salariais ou de defesa de direitos dos trabalhadores, não com propostas e exigências de medidas para serem negociadas com o Governo e vertidas no Orçamento do Estado de 2021, nem mesmo com a apresentação de ideias que ajudem a combater a pandemia de covid-19, mas porque insiste e insiste e insiste em realizar a Festa do Avante!.”

Partindo do princípio que São José Almeida acompanha a atualidade, para poder ter a sua coluna de opinião, só a má-fé, mentira deliberada ou manipulação descarada o explica. A jornalista sabe bem que o PCP nunca ocupa o espaço noticioso a menos que seja para ser atacado, como é o caso. Quando temos este tipo de comportamento da parte da jornalista que é presidente do Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas, a preocupação em torno da classe, até pelos próprios jornalistas, devia ser grande. Cargo que, de resto, já usou para procurar coartar a liberdade de associação de um jornalista militante do PCP. E só isto já serve de apresentação.

Vamos dar de barato a carta aberta, divulgada pelo Público, contra a realização da Festa do Avante! assinada por alguém que é “advogado”, mas que o jornal entendeu por bem omitir que se trata de um antigo vereador do PSD. Assim, vamos dar uma volta pelas primeiras páginas do Público e verificar a atenção que o jornal de São José dá à atividade do PCP, para que a jornalista possa afirmar o que afirma.

Agosto 

Duas chamadas de primeira página, uma a meias com o BE e outra no dia 5, onde o Público conta que estarão 100.000 pessoas na Festa do Avante!.

Julho

A 9 de Julho, a chamada de primeira página é para dar voz aos críticos de Rita Rato para a direção do Museu do Aljube.

Junho

A 25 de junho – Jerónimo, não se compromete com a realização da Festa do Avante!

Maio

Foi um mês cheio de atividade, em que o PCP surge a meias com o BE sobre medidas relacionadas com o lay-off.

A 11 maio, o Público já andava inquieto e insistia na questão da festa do Avante!.

Uns dias depois, a chamada era sobre a anulação da decisão da ERC sobre reportagem contra o PCP.

Neste mês tivemos ainda a vergonhosa chamada “Há 70 anos Cunhal foi condenado por crimes contra o Estado”, para se referir à prisão fascista.

Março

Em Março, mais uma vez a meias, desta vez com a IL, a chamada é para dizer que os ambos os partidos querem reduzir apoio a partidos

Ou seja, em 2020, o PCP, sozinho, ainda não mereceu qualquer atenção do Público por exigir “políticas de aumentos salariais ou de defesa de direitos dos trabalhadores (…) propostas e exigências de medidas para serem negociadas com o Governo e vertidas no Orçamento do Estado de 2021, nem mesmo com a apresentação de ideias que ajudem a combater a pandemia de covid-19”, embora o tenha feito. Por outro lado, conforme referi anteriormente, sempre que o assunto pode servir para atacar o PCP, lá está a chamada à primeira página.

É assim compreensível a dificuldade que a jornalista denota em acompanhar a atividade política do PCP, que interessa pouco ou nada ao seu jornal. Nós sabemos que o Partido Comunista Português não é aquele partido que, quando espirra, constipa toda a comunicação social. Mas espera-se mais seriedade da parte de alguns jornalistas. Ou, se calhar, não.

Para ajudar São José Almeida, fica uma ferramenta que lhe permitirá, com certeza reconhecer que errou e mentiu, chama-se Whatsapp, o contacto é o 917771694 e ficará surpreendida com tudo o que o seu jornal não lhe conta sobre o que é atividade diária do PCP. Sem risco de se engripar.