A Missão de Barroso foi Cumprida

Internacional

Durão Barroso terminou a sua muito bem paga função de presidente da Comissão Europeia com o mais retumbante sucesso. Sucesso, diga-se, tendo em conta evidentemente os interesses que serve, ou dos quais faz parte, nomeadamente alcançando na plenitude o seu grande objectivo ideológico: servir os poderosos, subjugar e capturar os mais fracos. Hoje a realidade social e económica dos países-membros da UE não deixa margem para dúvidas: os países ricos estão mais ricos, as grandes potências crescem ou consolidam-se, e os países pobres estão nitidamente mais pobres, nos lugares últimos que lhes estarão ad aeternum reservados. 

Dos portugueses, Durão só pode merecer repúdio e vergonha

Se dúvidas houvesse, a União Europeia com Barroso só reafirmou e extremou a sua natureza capitalista e imperialista. Como se viu, e até os economistas do sistema são capazes de o confirmar, a política da austeridade instituída, cega e arrasadora, foi o balão de oxigénio da banca e a corda sufocante dos povos. O conluio oportunista com a Ucrânia, mesmo que tomada por governantes nazi-fascistas, configurou-se como a expressão real de uma UE capaz de pactuar até com “o diabo”, desde que isso signifique, de alguma forma, suprir na parte ou em todo as nefastas agonias do capital.

Mergulhado num ego do tamanho do continente europeu, Durão Barroso deixa o cargo gabando-se à exaustão do “muito que fez” pela Europa. Acompanha-o, certamente, o rebanho de luso-condescendentes, uma claque que oscila entre o patrioteirismo parolo e o servilismo partidário e ideológico, aqueles que aplaudiram a ida “para a Europa” de “um português”, facto que além do “imenso prestígio” iria ser, diziam eles, uma enorme “mais-valia para Portugal e para os portugueses”. No final, como era apesar de tudo evidente, nem uma coisa, nem outra. Dos portugueses, Durão só pode merecer repúdio e vergonha. Repúdio pela forma como contribuiu directamente para uma desgraça social instaurada através das imposições do pacto de agressão da troika. Vergonha por associar o nome de Portugal, de um “português”, a um dos períodos mais negros da história dos povos europeus.