A incondicional condição de António Costa

Nacional

Há menos de cinco anos, António Costa dava esta entrevista. Em apenas dois minutos e com a banda sonora do Exorcista no fundo, o actual “candidato a primeiro-ministro” é peremptório:

António Costa: Eu estou impossibilitado (de ser primeiro-ministro) porque tenho um compromisso fundamental com a minha cidade. Foi isso que disse que faria, é isso que vou fazer e é assim que tudo deve continuar.

Jornalista: Nada o tirará da Câmara?

António Costa: Só se tiver um problema de saúde gravíssimo, mas espero que não tenha, sinto-me bastante bem.

Jornalista: Mas por motivos políticos não sairá da Câmara?

António Costa: Não, isso está absolutamente fora de questão. (…) O Eng.º José Sócrates tem todas as condições, quer internas no PS, quer de legitimidade democrática, para continuar a exercer as funções que exercer, que exerce aliás com o meu incondicional apoio.

Ora, não sendo claro que António Costa se esteja a sentir menos bem do que há quatro anos e não constando (e ainda bem) que padeça de qualquer doença grave, o que o leva a trair “O compromisso fundamental com a sua cidade” pelo motivo político que estava justamente fora de questão?

António Costa: Sócrates tem o meu apoio incondicional

A resposta está no seu “incondicional apoio a Sócrates” e ao que ele representa: roubos, mentiras e pobreza. É justamente por isso, e não pela sua personalidade ou oratória, que Costa/Sócrates não pode voltar ao governo: Porque o país não aguenta outro BPN, que custou ao Estado mais de 4 mil milhões de euros, o suficiente para suspender as propinas do ensino superior durante 30 anos.

Costa é “incondicional” como Portas é “irrevogável” e os trabalhadores não aguentam um novo Sócrates, que se recusou a cumprir as promessas feitas, não actualizando o salário mínimo conforme acordado em sede de concertação social, aumentando os impostos indirectos e continuando a destruir a contratação colectiva. Porque os trabalhadores trabalhadores da administração pública não aguentam os mesmos roubos do anterior governo, que congelou as progressões na carreira e de suplementos remuneratórios, que aumentou a idade da reforma para os 65 anos e retirou direitos de protecção à doença, inclusive no pagamento das baixas, reduzindo o seu valor para 55%.