A verdade é uma coisa qualquer

Internacional / Nacional

A verdade é uma coisa qualquer.

Só assim se entende que a actual narrativa anticomunista se construa e levante não assente em factos, mas antes se molde à conveniência e a um propósito último.

Não valeu de nada uma única palavra dita pelos comunistas portugueses, que afirmaram, “Putin age com tiques czaristas, a paz é o caminho, que se cesse de imediato a intervenção militar russa”, o que se escreveu e se leu foi, “PCP não condena Putin, nem a guerra”.

Não valeu a posição histórica do PCP em todos os cenários de conflitos internacionais, onde em todos, sem excepção, se apelou à paz e à diplomacia, ao contrário de outros.

Não valeu até Putin considerar que Lenine e os bolcheviques são os responsáveis pela criação da Ucrânia e das suas questões fronteiriças, situação que segundo o próprio resultou no estado actual das coisas, culpando os comunistas.

Não valeu Putin referir-se à esfera de domínio do Império Russo e não da União Soviética. O que se leu foi, “Putin quer repor o imperialismo soviético”, fizeram-se capas com Putin e bandeiras comunistas.

A verdade é uma coisa qualquer.

Percebe-se que na tolice de quem acha que o mundo é a preto e branco e de que só existem dois lados, torna-se normal que os que sejam pela paz sejam apelidados de pro-Putin.

É que sabemos, bem, que os que são pela NATO e EUA são forçosamente e historicamente pela guerra.

Mas não atentar à história e às causas da guerra pela lente da verdade é tão perigoso como a própria, e, só pode determinar a escalada da mesma.

Não existe em nenhum conflito bélico que tenha em si um único elemento positivo. Portanto, isto de lados não é de tomar nem o belicista da NATO ou da indústria de armamento que lhe dá sustento, o do imperialista dos EUA e o da subserviência canina da EU, nem tampouco o lado da megalomania liberal de Putin ou dos neonazis na Ucrânia.

É tomar o lado dos povos, os que sempre perdem, da sua soberania étnica e cultural, do seu direito a viver em paz.

O “Não à Guerra” é transversal a todos os homens, mulheres e crianças do mundo.

A própria Constituição da República Portuguesa afirma, entre outras coisas, no seu artigo sétimo: “solução pacífica dos conflitos internacionais”; “desarmamento geral”; “dissolução dos blocos político-militares”.

Mas, a verdade é uma coisa qualquer.

É então, extraordinário como fascistas instrumentalizam conflitos internacionais para sugerir a ilegalização do PCP. É extraordinário como “democratas” alinham neste discurso.

É então, extraordinário não haver uma única fonte oficial de que o PCP apoia o conflito e ainda assim é essa a sua “verdade” absoluta.

A verdade é uma coisa qualquer desde que lhes sirva os interesses.

A guerra intercapitalista, entre dois países de direita, serve-lhes o interesse. Como todas as outras.

A verdade é uma coisa qualquer e têm isso a seu favor, os que mentem todos os dias sobre os comunistas e sobre os comunistas portugueses. E apesar de promoverem directa ou indirectamente o ódio ao PCP, de incentivarem o que está acontecendo, de recebermos ameaças e pressões, de circularem já mensagens de neonazis portugueses, sugerindo outra vez mais a agressão a comunistas e vandalização das suas sedes e centros de trabalho, incitando à perseguição e ao assédio, atitudes legitimadas por todos que assumem o discurso mentiroso, e, pior o instrumentalizam. Conhecemos bem o vosso pensamento “democrático”.

Não duvidem ainda assim que os comunistas continuarão a olhar para o mundo com a lente da verdade e da ciência política, não é medo que nos faz abdicar das causas e valores que temos.

É obrigação moral e política dos comunistas falarem a verdade. Não mudaremos.

Somos orgulhosos construtores da democracia e da liberdade em Portugal. Defendemos de forma inequívoca o fim desta e de todas as guerras. Somos solidários com todos os povos do mundo, somos e estamos solidários com o povo ucraniano e com o povo russo.

Somos herdeiros de Abril, ao contrário dos proponentes desta campanha anticomunista e de muitos que lhe dão seguimento, que são sucedâneos do fascismo.

Mesmo em tempos perigosos como os que temos pela frente, resistiremos, que somos muitos mil. Já nos anunciaram a morte um número incontáveis de vezes e por cá continuaremos a ver-vos ficando para trás na espuma da história.

Sabemos também que connosco caminham e nos defendem todos os progressistas e democratas, que não se deixam levar nesta onda.

A verdade é uma coisa qualquer e não se esqueçam que:

Cada vez que alguém chama comunista a Putin morre um golfinho bebé.

Eu garanto-vos que é verdade.