Autor: António Santos

ERC condena: TVI mentiu sobre o PCP

Dois meses de notícias, quatro aberturas de jornal das 8 e três horas de emissão em horário nobre. Foram estas as armas da TVI para difamar o PCP e o seu secretário-geral. Agora, é a Entidade Reguladora para a Comunicação Social que vem condenar a campanha anti-comunista da TVI por «incumprimento cabal (…) dos deveres de precisão, clareza, completude, neutralidade e distanciamento». «Falta de rigor informativo», «enviesamento e falta de isenção», «desequilíbrio» e «descontextualização» são as palavras com que a ERC descreve «uma reportagem marcadamente sensacionalista». Infelizmente, perante o crime, a ERC fica-se por um raspanete. Mas nós não. Apelamos a todos para que visitem a página da TVI para dar-lhe a única punição que terão a mentira e a calúnia. Digamos à TVI que não tem o direito de mentir e difamar impunemente. Usa o hashtag #Afinalsabia e o #tvimentiu. Ler mais

Os derrotados de todos os dias

«Das eleições acabadas, do resultado previsto, saiu o que tendes visto: muitas obras embargadas. Mas não por vontade própria, porque a luta continua, pois é dele a sua história e o povo saiu à rua». A letra é do Zeca mas a história é de todos: quando contei o resultado das eleições ao meu pai, que se aproxima gentilmente dos 88 anos, ele disse-me que já viu pior. Recordei-lhe que, em eleições para o Parlamento Europeu, o escrutínio de domingo devolveu o pior resultado da CDU, com a perda de metade dos votos em relação a 2014. «Já vi pior», insistiu. E já viu mesmo.

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Lucas, Abril imigrou com ele

Há histórias que contadas no Primeiro de Maio, ninguém acredita que já foi 25 de Abril: um patrão faz um contrato a um imigrante; explora-o da forma mais brutal durante um ano; quando esse trabalhador faz greve, o patrão chama a polícia e denuncia a existência de um «imigrante ilegal» que é lestamente detido. O Manifesto74 conversou com Lucas Nascimento, o protagonista de uma história sobre dignidade e coragem.

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À esquerda, as mulheres são mais bonitas

A mulher mais bonita é a que acredita mesmo (e di-lo com tanta força que não podia estar a mentir) que um mundo melhor é possível. As mulheres de esquerda são mais bonitas porque são mais humanas e conseguem sentir como suas as dores de parto da humanidade sofrida. As mulheres de esquerda sentem mais fundo, indignam-se mais vezes, gritam mais alto e desejam com mais força. As mulheres de esquerda cheiram a pólvora, beijam sabendo que só temos estes anos e entregam-se mais porque a não ser as proverbiais correntes, não têm nada a perder. As mulheres à esquerda são mais perigosas: não respondem aos aborrecidos ditames da conveniência conjugal nem à opressora liturgia do lar, lêem bons livros e vêem bons filmes de que nunca ouviste falar. Não são subalternas de nada, vão à luta, lideram os homens e riem-se do cumprimento de contractos. Gabriel García Márquez dizia que o amor tem mais quartos do que uma casa de putas. O coração das mulheres de esquerda não é um T0, onde só cabes tu e depois se fecha ao mundo como um ouriço-cacheiro. As mulheres de esquerda conseguem amar a humanidade inteira. O coração da mulher de esquerda é maior que o hotel Marriott e tem mais capacidade que o parque de campismo exterior da Festa do «Avante!».

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Mas o fascismo não faz mal ao béu-béu

O fascismo não entra pela sala adentro com certidão do notário e uma suástica na testa a apresentar-se «Nazi Fascismo, muito prazer».

O nazi-fascismo não acontece quando as SA se lembram de vir para a rua de bota cardada e corrente na mão. É preciso uma legião de pessoas que não se interessem por política e que, por isso, não queiram saber se o super-herói justiceiro é anti-semita ou neonazi. A ideologia é uma sensaboria para os beatos do homem-forte porque o que interessa é que ele faz e acontece: pula escorreito as alpondras da lei e da política e faz, pelas próprias mãos, sem precisar de burocracias nem direitos nem de outras dilações maçadoras, a justiça da multidão.

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Maio é um país que quer ser gente

É Maio, maduro Maio, dia primeiro de todas as lutas que nos tornam gente: por salários de gente, porque neste país uma pessoa não tem direitos de pessoa com menos de 800 euros; por contratos de gente, daqueles que vêm com direitos de pessoas, como um futuro, uma família e, já agora, sonhos próprios; e horários de gente, e não de bestas mudas de carga alheia que só prestam para albardar. É dia de não trabalharem aqueles que trabalham os outros dias todos. É dia de vir aprender com os trabalhadores do Lidl a não sermos mais tomados por parvos e exigirmos o que por direito é nosso.

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A nova fase da política de direita

Os últimos meses foram mostrando os limites finais e intransponíveis da actual solução governativa. O potencial de progresso que este governo transportava, a capacidade de reparar os destroços sociais do anterior governo PSD-CDS, esgotou-se, insuficiente, na irresolúvel natureza de classe do Partido Socialista.

Não se trata de apreciação pessoal nem de julgamento de intenções: parcialmente cumpridas as posições conjuntas assinadas à esquerda, o PS, cujo apanágio nunca foi morder a mão do dono, recusa-se a beliscar a legislação laboral de Passos Coelho, une-se à PàF para manter o País agrilhoado ao serviço da dívida, adopta como seus os ditames de Bruxelas e mantém incólumes as prioridades do governo anterior: fortunas para os bancos falidos dos privados e cortes para a cultura do povo; precariedade para a juventude e benefícios fiscais para as grandes fortunas; desprezo pelas necessidades do Serviço Nacional de Saúde e rapapés para as confederações dos patrões.

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Os lugares onde Marcelo não vai

O dom de Marcelo é ir a todo o lado sem nunca estar em lado nenhum. Omnipresente na comunicação social, falta à chamada sempre que o interesse nacional coincide com os interesses da classe trabalhadora. Onde está Marcelo quando as populações se batem pelos correios do povo? Porque não dá os seus «afectos» às quase 500 trabalhadoras da Gramax? Meio milhar de operárias com meses de salário em atraso defendem a dignidade e os postos de trabalho de um processo fraudulento de insolvência. Quando, em piquetes de 24 horas, à chuva e ao frio, desafiando a fome, a incerteza e muitos dramas familiares, as operárias da antiga Triumph impedem o roubo da maquinaria estão também a impedir a destruição do aparelho produtivo português. Porque será que Marcelo, sempre tão palavroso sobre moda, jogos de futebol, restaurantes e exercício físico, nada tem a dizer sobre esta matéria? Porque será que o Presidente, incansável na sua digressão afectiva, não vai a Sacavém?

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