Capitalismo para totós V – Classe Social

Nacional

A noção de classe é fundamental para se compreender a mensagem do sistema capitalista, tal como daqueles que lhe resistem e propõem a sua superação. A classe social é a unidade política na análise marxista, pelo facto de ser o que distingue os interesses. Para os marxistas, a classe é definida com base na posição de cada um perante os meios de produção. O capitalismo tenta infundir uma noção diferente, baseada no vencimento. Todavia, os interesses políticos das pessoas que ganham mil euros não são todos os mesmos, enquanto que os interesses políticos dos que são trabalhadores são iguais entre todos.

A classe social que as ideologias burguesas (neo-liberalismo, capitalismo, social-democracia) e seus ideólogos, políticos e comentadores de serviço, referem é uma forma de contornar a evidente clivagem social e económica entre os seres humanos. É, no entanto, uma classificação económica e não social. A classe baixa, a classe média-baixa, a classe média, a média-alta, e a alta (como estamos habituados a ouvir chamar-lhes) são classes distribuídas em função da disponbilidade de rendimentos ou de património e não em função da sua posição social.

A intenção é clara: tendo em conta que existem assimetrias brutais entre as pessoas e que o capitalismo precisa de negar a relação entre essas assimetrias e a posição social dos indivíduos, é preciso confundir a compreensão das massas. Ou seja, a máxima capitalista e fascista que afirma que “a luta de classes acabou” ou mesmo “a luta de classes não existe” é válida ao abrigo deste conceito de classe económica, mas jamais seria válida ao abrigo do conceito de classe social.

Com esta estratégia de distração, o Capital consegue enraizar nas massas a sua doutrina e as interpretações enviesadas sobre as relações de classes. Generalizando a ideia de que as classes se diferenciam em função do volume dos seus rendimentos, as massas aceitam passivamente a conclusão de que “não há luta de classes”.

As classes sociais não são classes de disponibilidade financeira. Abordemos o conceito na perspectiva correcta: classe social é definida em função da relação objectiva que o conjunto de indivíduos estabelece com os meios de produção e, em consequência com o Trabalho.

Independentemente do volume dos rendimentos, um proletário é aquele que não tem outra forma de sobrevivência a não ser a venda da sua força de trabalho.

Independentemente do volume dos rendimentos, um burguês é aquele que detém uma parte ou a totalidade de um meio de produção, podendo assim sobreviver de outras formas que não a venda da sua própria força de trabalho, nomeadamente, explorando o trabalho alheio. Essas sim, são as duas principais classes sociais. O conceito capitalista de classe económica, que ilude os contornos do conceito-base de “classe social” atravessa as duas grandes classes sociais sem relação absoluta. Ou seja, tal como o proletário é sempre explorado, mas nem sempre pobre; também o burguês é sempre dono de parte ou totalidade de um meio de produção, mas nem sempre rico.