Capitalismo para totós VII – Paz Social

Nacional

Paz social é o termo utilizado pela direita para mascarar o conflito permanente entre os interesses de cada classe. Convém sempre à classe dominante que a classe dominada não decifre e não compreenda que sofre domínio. Na prática, também a um ladrão é muito conveniente que a vítima se julgue a ser amparada em vez de roubada.

A “paz social” não comporta qualquer dimensão de “paz”, pois é apenas o termo utilizado para encobrir uma guerra sem trincheiras, sem fronteiras, uma guerra enraizada e sulcada na matriz genética da organização social capitalista. Uma guerra em que o agressor sabe que agride, mas que atordoa de tal forma o agredido que este se pensa protegido pelo seu próprio inimigo.

A “paz social” não é paz. Não é prosperidade, não é felicidade, não é crescimento, não é progresso. A “paz social” não é harmonia, não é amizade entre as pessoas, entre os povos. A “paz social” não é ver as crianças no jardim e passear nas férias. Não: a “paz social” deles é o empobrecimento, a infelicidade, o desemprego, o retrocesso social e civilizacional. A “paz social” deles é guerra, é roubo, é enriquecimento assimétrico, corrupção. É não ter como deixar as crianças ir ao jardim porque entretanto o crime, a prostituição, a toxicodependência alastram brutalmente. É ficar no desemprego à procura de biscates porque não há trabalho. É não ir de férias porque não há dinheiro.

Enquanto tudo isso, a “paz social” deles é também opulência, lucros, iates, charutos, ferraris, lamborghinis, jaguares, submarinos, contas em off-shores, banquetes, sapatos mais caros que a nossa casa, desperdício, luxo.

A “paz social” é tudo isso, desde que tu não protestes. No dia em que protestas, abres a “guerra” e és um vândalo criminoso.

A “paz social” é o termo que o capitalismo encontra para lançar o anátema sobre todos os que lutam, todos os que protestam.