Nos últimos dias reuniu em congresso a Convergência Ampla de Salvação de Angola(CASA-CE), e do enclave saiu reeleito o presidente Abel Chivukuvuku.
De Portugal foram convidados PSD, PS, CDS e BE, presentes com as respectivas delegações e mensagens. Significativo e notável, como os mesmos que por cá ululam e rasgam as vestes, acusadores de uns e outros, sejam exactamente os mesmos que estão dispostos a apoiar uma força política que nos seus traços essenciais corresponde a uma recauchutagem ideológica de um sector da UNITA, por sinal um sector especialmente próximo do colonialismo e do imperialismo em África e Angola.
Esta força política, que aqueles quatro partidos foram relevar, reelegeu para líder, Abel Chivukuvuku, um antigo alto quadro da UNITA, uma personagem cujo percurso de vida e formação é feito desde meados dos anos 70, no império e ao seu serviço, na guerra e em constante aprendizagem académica, dependência funcional e ligação política aos serviços militares e secretos de diversas grandes potências capitalistas ocidentais como a Alemanha Federal, a Inglaterra, os EUA e obviamente também a sua vizinha e grande aliada de sempre África do Sul, esta ainda sob o regime de apartheid.
Portanto, parece que Chivukuvuku e esta tal CASA-CE são referências para a Angola democrática pela qual alguns ardentemente se dizem bater. No congresso um exaltado chegou até a prognosticar que “CASA-CE e as forças democráticas de Angola é que vão construir essa paz verdadeira”. Ou seja, os que defenderam o colonialismo e o imperialismo, os que condenaram Angola e o seu povo a décadas de guerra civil, sabotagem e pilhagem dos recursos nacionais são agora obreiros da “paz verdadeira”. Espantoso.
Sobre este projecto político e os seus apoiantes inconfessados, sobre os seus apoios declarados em Portugal, na comunicação social lusa ninguém questionará nada, sobre outros apoios e financiamentos em curso seguramente também não.
É preciso seguir este e outros processos similares com atenção porque é visível a reorganização dos derrotados de Kuito Kuanavale por Angola e África.
* Autor Convidado
Filipe Guerra