Ainda sou do tempo em que, da esquerda à direita, não faltava quem acusasse o PCP de esconder a sua imagem histórica atrás da sigla CDU. «Uma farsa», gritavam, «uma aldrabice», insultavam, «uma espertice», avisavam os arautos da «identidade». Não deixa, por isso, de ser absolutamente irónico que, neste ano de centenário do Partido e de campanha eleitoral autárquica, estejamos todos a ver precisamente a antítese dessa pungente narrativa. Enquanto que o PCP decide celebrar 100 anos inundando o país de milhares de bandeiras vermelhas com a foice e o martelo, o PSD faz uma campanha autárquica praticamente sem laranja e o PS mete o punho vermelho na gaveta. O CDS, bem, esse nem sequer conta, porque dentro do bolso do PSD não se lhe consegue ver a cor.
Claro que os cartazes azulões do PSD não estão aí para omitir nada em parte nenhuma. Jamais alguém ousará apontar para aquilo e sequer sugerir que seja uma forma de aliviar essa carga «laranjona» dos autarcas SD em desgraça ante os munícipes, alguns dos quais a contas com a justiça, mas são sim, claro está, sinal de doutas e muito criativas estratégias publicitárias, de gente que nada tem que ver com a «laranjona máquina partidária». São puros, oxigenados, independentes e livres, andorinhas ao vento, descomprometidos com «a coisa», porque o vento é de ser contra partidos e o laranja deixa escapar alguns para paragens menos tímidas.
Claro que os cartazes do PS, irreverentemente cor-de-tudo-menos-rosa, não são uma forma de evitar que se lembrem actos de gestão local ou nacional inconvenientes. Claro que as bandeiras tradicionais do PS, as de fundo bem vermelho com o punho dourado, só desapareceram porque ficaram deslavadas e, claro, estragadas pela inclemência do passar do tempo. Foi azar.
Será certamente uma maldade comunista a estar na origem da CDU – ainda que a foice e o martelo estejam até nos boletins de voto –, mas será com certeza a irreverência muito meritória a limpar a todo o custo o laranja e o cor-de-rosa dos cartazes de PSD e PS um pouco por todo o país. O que isso provoca, apesar de tudo, não é mau de todo. É a constatação evidente de uma diferença cada vez mais esbatida. Pelas políticas ao longo das últimas décadas, vimo-los muitas vezes confundirem-se uns com os outros. Agora, em qualquer esquina do país, como se não bastasse a semelhança da substância, também pela imagem se vê que são cada vez mais iguais. Por isso, seja qual for a freguesia, seja qual for o concelho, no dia 26 só votar CDU acabará por fazer a diferença.
10 Setembro, 2021 às
Disfarçando cautelosamente as suas origens e propósitos, PS e PSD, vão enganando os incautos com mentiras e confusões, trocadilhos, para atingirem os seus fins. A eles interessa o cartaz com o nome pomposo da pessoa/candidato.
À CDU, importando e tendo orgulho no seu passado e nas pessoas/candidatos, interessa o seu programa, as suas propostas válidas e já provadas!
Por isso votar CDU, é o caminho certo.
Fazer a diferença para melhor é votar CDU!
( muito bom o texto apresentado, obrigado)