De facto não há grande relação entre o Kosovo e a Crimeia…

Internacional

A independência do Kosovo aconteceu depois de uma guerra de agressão ilegal da NATO contra a Sérvia, que destruiu infra-estruturas militares mas também civis um pouco por todo o território e que precipitou uma crise humanitária de larga escala no território disputado. A independência do Kosovo foi regada com sangue e urânio empobrecido, com dólares metidos nos bolsos da máfia paramilitar do UÇK, tendo como objectivo criar espaço NATO nos Balcãs e enfraquecer as posições não alinhadas na região.

Na Crimeia não consta que tenham sido despejadas bombas de urânio empobrecido em parte alguma. Não consta que grupos paramilitares estejam a guardar soldados ucranianos para posterior assassinato e venda de órgãos no obscuro mercado internacional das partes humanas. Não existem relatos de embaixadas estrangeiras bombardeadas, como aconteceu em 1999, em Belgrado. O que aconteceu foi um acto eleitoral bem participado, com resultado inequívoco. A junta de Kiev, que não foi eleita por rigorosamente ninguém, não se pode orgulhar do mesmo.

De resto se o referendo da Crimeia aconteceu à revelia da Constituição ucraniana, coisa que as diplomacias europeia e norte-americana não se cansam de repetir, não me lembro do mesmo argumento ter sido utilizado quando à revelia da Constituição da Sérvia o Kosovo se tornou estado satélite da NATO nos Balcãs.

Também não me recordo da Constituição Portuguesa ter sido invocado pela diplomacia europeia a propósito da ingerência internacional em Portugal, iniciada de forma explicita em Maio de 2011, com a assinatura do Pacto de Agressão entre as troikas (nacional e internacional). Não me recordo da União Europeia ter estado ao lado da legalidade democrática quando forçou a nomeação de governos do FMI na Europa. Hipócritas.