E de súbito, o ISIS passa a “extremista” (quando na verdade é apenas e tão só islamofascista)

Internacional

O alarmes soam nos quartéis dos grandes falcões da guerra das potencias ocidentais. O som é cínico, envergonhado e comprometido, mas no espaço público os semblantes estão carregados e os discursos repletos de indignação: o grupo armado “Estado Islâmico do Iraque e do Levante” tomou de assalto toda a região do Iraque que faz fronteira com a Síria e a sua marcha sobre Bagdade parece eminente. Por cá oiço as notícias e leio os jornais para verificar que os mesmíssimos islamitas de extrema-direita que na Síria são designados como “rebeldes”, do lado iraquiano da fronteira passam a “extremistas”. Salva-se o “i”, que apesar de tudo se mantêm coerente e títula “Rebeldes às portas de Bagdade“, preservando o estatuto do grupo islamo-fascista.

O “Estado Islâmico do Iraque e do Levante” leva entretanto pelo menos dois anos de raptos, decapitações e execuções à beira de estradas, sobretudo na zona de fronteira entre a Síria e o Iraque, violações inimagináveis dos mais elementares princípios de humanidade, tudo com o apoio da NATO, dos Estados Unidos da América e da União Europeia (Portugal incluído), no âmbito do seu envolvimento – activo e relevante – nos combates travados na Síria. “Rebeldes” de um lado da fronteira, “extremistas” do outro. Manda neste tema da designação mediática a aplicar o superior interesse do Império.