«E por que não matá-los?», ou como Mota Soares acaba com o Complemento Solidário para Idosos

Nacional

Fonte: Recibo de pensionista de Janeiro de 2014: Faltam 72.74 correspondente ao complemento solidário para idosos.

Em 2005 o Governo PS teve uma medida cuja base é de aplaudir mas a concretização foi perversa pelas condições exigidas. Sob o lema de que ninguém viveria com menos de 300 euros por mês (à data considerado pelo PS, e só pelo PS, o limiar da pobreza) criou-se um complemento às pensões inferiores a 300 euros.

O primeiro grande erro, quase criminoso, foi fazer depender a atribuição do CSI aos rendimentos dos filhos, criando a obrigatoriedade de serem notificados, de darem os dados bancários e dos pais se disponibilizarem a intentar uma acção de alimentos contra os filhos.

Sem nunca questionar o princípio, o PCP sempre denunciou afirmando que a «solidariedade não se impõe por decreto», defendendo o reforço do complemento solidário, indexando-o aos valores do cabaz dos bens de primeira necessidade e propondo a sua atribuição em 14 meses (e não 12) e para além dos pensionistas e reformados por velhice, que o complemento também fosse atribuído aos reformados por invalidez.

O CDS, como sempre, foi de brilharete em brilharete louvando a medida, aplaudindo-a, falando do contribuinte que trabalhou toda uma vida. Gozou com o PS porque o fraccionamento da atribuição do complemento por idade (por exemplo – em 2005 para os idosos com 75, em 2006 para os idosos com 70) acabou por tornar a medida pouco abrangente, sem nunca propor o aumento e a verdadeira retirada da condição de pobreza em que muitos idosos se encontram.

O mesmo CDS que vem com o paleio das misericórdias, das IPSS, do apoio à terceira idade e, quase em lágrimas dos idosos que vivem sozinhos.

É o mesmo CDS e o mesmo Mota Soares que acabam descaradamente com o complemento solidário para idosos e roubam já este mês, em Janeiro, a centenas de reformados mais de cem euros, deixando-os sem qualquer hipótese de sobrevivência.

Criminosos. Não têm outro nome.

Um dia, entre lágrimas, uma senhora, ao receber uma carta da Segurança Social a exigir-lhe 5 mil euros (por causa de um complemento que lhe tinha sido pago por erro da própria Segurança Social, desde 2007 e vinha com juros de mora): por que não abrem uma vala e nos metem lá?

Esta é a política do CDS.

* E mesmo com o desmentido de Mota Soares – a notícia linkada acima não é muito correcta na medida em que o CSI não tem valor fixo. O que acontece é que a redução do valor até ao qual as pessoas podem pedir o CSI reduziu substancialmente, acabando, na prática, com esta prestação social.  Ou seja, a redução de 5022 euros anuais para 4909 afastou centenas e centenas de idosos a esta prestação. Por mais cambalhotas que Mota Soares dê, isto é o fim do Complemento Solidário para Idosos.