Mais uma «guinada à esquerda»

Nacional

No espaço de poucos dias, António Costa já deu a entender por duas vezes com quem e para quem é que o PS quer de facto governar. Depois de ter saído com um “ar encantado” da reunião com Passos Coelho apelando à urgência de uma coligação pós-eleitoral com o PSD, desta vez António Costa decide dar como “grande exemplo” histórico a coligação PS-PSD que (des)governou o país entre 1983 e 1985. António Costa demonstra assim ter mais orgulho e consideração pelo governo de coligação com o PSD, do que, por exemplo, pelo primeiro governo de José Sócrates no qual o PS teve maioria absoluta. Compreende-se que António Costa queira por agora afastar-se de Sócrates, mas era pouco expectável que o fizesse de forma tão vexatória.

Em dez milhões de habitantes, António Costa é o português que mais vontade tem de se coligar com o PSD

Em dez milhões de habitantes, António Costa é o português que mais vontade tem de se coligar com o PSD. Mesmo Assis deve estar a sentir-se, nesta altura, ultrapassado «pela direita» por esta férrea vontade do actual secretário-geral do PS de fazer par com Passos e Portas. Se Costa ainda não foi capaz de apresentar um programa concreto ou uma ideia de governo clara e estruturada, isso tem apenas uma única justificação: é que um programa de governo de Costa confundir-se-ia com aquilo que o actual governo tem posto em prática. E as eleições estão mesmo aí à porta.