Se Seguro quer o PSD, Costa o PSD quer

Nacional

Excelente notícia para Cavaco Silva. Excelente notícia para os banqueiros deste país. Excelente notícia para os Salgados, Ulrichs, Melos e companhia limitada. António Costa, por certo sensibilizado com os sucessivos apelos do presidente para uma “união sagrada” em torno de uma via única de governação, mostrou-se inequivocamente disponível para se coligar com o PSD. Para que esse “sonho” de Cavaco se cumpra, Costa só impõe uma única condição: que seja um PSD… sem Passos Coelho. Ou seja, tudo o resto pode manter-se. A forma de governação, a política, a ideologia, a submissão externa, a obediência ao sector financeiro, os lobby’s, a desgraça social do país, enfim, tudo isso já é matéria perfeitamente enquadrável nas elevadíssimas exigências do PS de Costa. Alguma novidade neste campo? Absolutamente nenhuma. Nesta altura, diga-se lá o que se quiser, quanto ao PS já só se ilude quem se deixa iludir.

O ponto de situação é por isso fácil de fazer. No PS de Seguro, vemos o proeminente Francisco Assis reiterar a necessidade de se fazerem coligações e entendimentos com o PSD e com o CDS, ainda que para “depois das eleições”. Do lado do PS de Costa, ouvimos pela voz do próprio esta vontade expressa de estabelecer uma aliança com o PSD desde que “sem Passos Coelho”. Posto isto, as primárias de Setembro não serão – como aliás em atroz e ridicularizável ignorância constitucional expressam os outdoor’s do partido – para escolher “o candidato a primeiro-ministro”. O que os militantes e simpatizantes do PS vão na verdade escolher é qual dos dois candidatos será “o melhor” a fazer alianças com a direita. E, muito sinceramente, com intérpretes tão empenhados e competentes nessa matéria, a escolha não se antevê nada mas mesmo nada fácil de se fazer.