UGT/Governo: a «Aliança Estratégica»

Nacional

As comemorações do aniversário da UGT decorreram com a maior das transparências. Da mesma forma que nas festas de aniversário mais comuns fazemos questão de convidar aqueles que amamos e que nos são mais próximos, como pais, esposas, maridos, companheiros(as), irmãos e/ou amigos chegados, a UGT convidou o líder do governo e, como cereja no topo do bolo, um dos seus mais bem-sucedidos e competentes ministros: Nuno Crato. Uma vez mais ficou claro o que representa e quem representa, no fundo, essa auto-intitulada “central sindical”. Ficou claro – repito, uma vez mais – para que serve, ou para que tem servido, ao que vem e para onde quer continuar a ir, a UGT e os seus dirigentes. Em nome de trabalhadores e sujando com o que há de pior a palavra “sindicalismo”, a UGT já não tem vergonha de demonstrar de forma clara, evidente, despudorada, que o seu compromisso não é com os trabalhadores, não é com os explorados, mas precisamente com quem os explora, quem os mal trata, quem os despede, quem os precariza, quem os condena à miséria social. Foi o próprio primeiro-ministro quem, num assomo de pura sinceridade, referindo-se à proximidade do governo com a UGT, apelidou muito justamente essa “parceria” como “aliança estratégica”.

Foi o próprio primeiro-ministro quem, num assomo de pura sinceridade, referindo-se à proximidade do governo com a UGT, apelidou muito justamente essa “parceria” como “aliança estratégica”.

Ao ouvir isto da boca do primeiro-ministro que mais sacrificou os trabalhadores portugueses desde o 25 de Abril de 1974, Carlos Silva por certo não terá corado de vergonha. Pelo contrário. Deve ter ficado tão orgulhoso ao ser chamado de “aliado estratégico” por este governo, como quando assinou de cruz a miserável subida do salário mínimo à custa de verbas da segurança social, à custa do dinheiro dos próprios trabalhadores. Não se pode, de resto, esperar muito mais daquele que foi uma das únicas 3 ou 4 pessoas que, no meio do gigantesco lamaçal do BES e da Família Espírito Santo, não teve vergonha de vir a público defender, bajular, elogiar e enaltecer o magnata Ricardo Salgado.

Não é novidade para ninguém. Carlos Silva, e com ele a UGT, é um agente político e económico, um peão com tarefas muito bem definidas e orientadas, que contracena na trágica farsa a que chamam “concertação social”. Carlos Silva é a peça que serve para que o governo possa afirmar que a sua política de ataque a quem trabalha se trata não de uma imposição cega, não de uma política fortemente contestada nas empresas e nas ruas, mas antes de uma política que até foi “negociada” ou “concertada” com “sindicatos”, ou com “representantes dos trabalhadores”. É para isso que Carlos Silva serve, é para isso que a UGT existe e se move, e é também por culpa disso que muitos trabalhadores estão neste momento na pior fase das suas vidas.