É possível que poucos se tenham apercebido disso mas, em Novembro de 2020, os Correios de Portugal completaram 500 anos de existência. Não houve grande celebração, que se tenha notado, nem se terão cantado «parabéns» e por uma razão muito simples: a coisa está mais perto da morte do que dos «muitos anos de vida». Mas o postal que ilustra a desgraça da empresa não é anónimo, tem três siglas. As mesmas que há anos se vêm entretendo a fatiar o serviço público entregando-o às «maravilhas» da gestão privada. O resultado está à vista: de entidade pública sólida, confiável e útil, os CTT passaram ao topo da liderança das queixas dos portugueses.
Durante muitos e muitos anos, os portugueses «ergueram» com trabalho e com os seus impostos um serviço insubstituível, uma marca sólida e eficaz. A era digital não «matou» a necessidade das entregas físicas a tempo e horas, nem anulou a utilidade do pagamento de facturas, do recebimento de reformas ou pensões, da comunicação postal com o interior e com o resto do mundo. Os Correios continuaram a ser uma referência e um serviço de enorme utilidade, não fosse em primeiro lugar o abandono e desinvestimento público por parte de quem já preparava terreno para a privatização, e em segundo lugar a efectividade da privatização, com a consequente sujeição a lógicas de lucro a todo o custo, o desmantelamento progressivo do serviço, o fecho de postos e balcões, os despedimentos cegos, a falta de recursos, a destruição e descredibilização de uma das mais fortes entidades e marcas deste país.
Estamos à beira de eleições legislativas e o que é que dizem os partidos acerca de um problema que é sentido por todos os portugueses? O programa do PS diz… zero. O programa do PSD diz… zero. O programa da Iniciativa Liberal diz… zero. O programa do CDS diz… zero. O programa do PAN diz… zero. O programa dos fachos (nem valia a pena, mas) diz… zero. Para nenhum destes, o serviço postal dos correios é uma prioridade, nem sequer conta para o totobola, não merece uma preocupação mínima que seja. Contudo, há uma excepção: quem luta sempre pelo serviço público e quem compreende a sua importância na vida do país, nunca se esquece daquilo que realmente faz falta. Também por isto, só o voto na CDU pode contar para defender aquilo de que o país precisa.