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No contexto dos paradoxos de Zenão, o caminhante nunca chega ao destino e Aquiles nunca ultrapassa a tartaruga, porque os intervalos de tempo, a continuidade do tempo (independentemente do que a explique) e a independência de referenciais são distorcidos ou desrespeitados para suportar a tese.

Pela mesma lógica, uma bola de chumbo largada do topo de um edifício nunca atingirá o chão. Mas a realidade diz-nos que o chão, ou o que quer que no final do trajecto da bola em queda esteja, não ficará bem tratado.

As formas potenciais de energia são energia na mesma.

Por exemplo, a energia potencial gravítica refere-se à quantidade de energia que existe em estado potencial quando um corpo está sustentado por outro corpo a uma determinada distância do fim do percurso. Por exemplo, quando um ser humano está sobre a beira de um precipício. Igualmente, a Energia potencial elástica é a energia em estado potencial que se encontra na pedra no momento em que a fisga ainda não foi solta. São formas de energia, existem, apesar de serem potenciais.

Na luta de classes, a correlação de forças dita a forma que o estado toma e as políticas que aplica. O grande capital tem um interesse fixo na acumulação e concentração total da propriedade, apenas possível com a conversão total do Estado em Estado fascista. Ou seja, a democracia parlamentar num contexto de relações sociais predominantemente capitalistas, comporta um potencial fascismo. Será que não se pode dizer que é “fascista” quem, apesar de em democracia parlamentar, ambiciona o fascismo? Então também não se pode dizer “comunista” quem no capitalismo quer construir o comunismo?

Também pegando nas lições da ciência, não podemos olhar o regime e as suas características como uma cristalização, como um momento. Os paradoxos de Zenão também aqui encerram valiosas lições. O não entendimento de que não vivemos um “instante”, mas um “processo”, pode custar-nos a identificação dos “instantes” certos do “processo” para a libertação da nossa energia potencial. Mas antes disso, é absolutamente determinante que a energia potencial elástica do movimento revolucionário seja a bastante para superar as resistências.

Acumular forças, entender a História como um processo, libertar as forças nos momentos e nas formas que mais podem influenciar o processo. Tais as tarefas que cumprimos.