Roda bota fora

Nacional

A 25 de Maio decorrem as eleições para o Parlamento Europeu. Devem ser também um sufrágio sobre as políticas do governo PSD/CDS, até porque as suas políticas nacionais são indissociáveis das políticas da União Europeia e do pacto de agressão da Troika. Os partidos do governo devem, têm de sofrer uma derrota eleitoral. Mas há que não esquecer que estas políticas da UE tiveram o apoio de toda a troika nacional, dos partidos do governo juntamente com o PS.

Cada vez mais os eleitores compreendem como as políticas decididas na UE têm implicações directas e dramáticas na política nacional. Por isso mesmo, não devem permitir que o PS faça uma campanha para o PE assente na crítica do governo, como se o PS não fosse co-responsável pelas políticas europeias, como se não fosse também ele signatário do pacto de agressão, como se o PS não tivesse sido obreiro da integração de Portugal numa UE dominada pelos interesses do capital, apoiando os tratados nos quais esta UE assenta.

Pode até dizer-se que o PS é o principal partido nacional responsável pela integração e pela construção desta UE. O PS foi também cúmplice da ausência de referendos nacionais para sufragar a posição do eleitorado sobre passos tão estruturantes da construção da UE como o Tratado de Lisboa, que decorreu durante a presidência Portuguesa da UE e um governo PS.

Se é verdade que pouca diferença existe entre as políticas nacionais de governos PS e PSD – políticas que têm necessariamente de convergir pois também o PS apoiou na UE políticas, como o Tratado Orçamental, que limitam o espaço de manobra e soberania nacional – é ainda maior a identidade entre estes dois partidos nas suas votações no PE. Estes são mesmo indistinguíveis no seu apoio às decisões no PE sobre matérias tão importantes como o Euro, o Banco Central Europeu, os grandes tratados da UE (de Maastricht a Lisboa), o «Semestre europeu», etc.

O PS procura afirma-se como a «mudança». Se já enfrenta dificuldade em demarcar-se do PSD nas políticas nacionais, essa demarcação não tem qualquer fundamento no que toca à prática dos seus eleitos no PE ou nos seus apoios às políticas da UE. Há razões reforçadas para rejeitar categoricamente o discurso de «mudança» que o PS propõe para estas eleições. A eleições para o PE devem ser o momento de afirmação de qual a UE que queremos. De afirmação da soberania nacional. Da autonomia dos Portugueses em decidirem o seu próprio futuro, de acordo com os seus interesses, livres do jugo dos interesses dos pesos pesados da UE e do grande capital financeiro. Tal implica também infringir uma derrota ao PS, arquitecto desta UE. E reforçar o apoio à única força nacional que no PE se tem demarcado claramente deste processo, avançando com alternativas concretas e realistas, a CDU.

* Autor Convidado
André Levy