A democracia na Ucrânia veste de preto e vermelho.

Internacional

A excitação generalizada dos jornalistas a quem se permite a entrada na Praça Maidan tem escondido que os mais activos manifestantes ucranianos “pró-democracia” envergam as cores do neo-nazismo.

Herdeiros dos poucos ucranianos que se juntaram aos ocupantes nazis na Segunda Guerra Mundial, são estes os braços que derrubam as estátuas de Lénine e dos combatentes patriotas ucranianos que lutaram e morreram para que o nazi-fascismo fosse corrido das suas terras. Foram 600 mil os combatentes soviéticos que morreram a defender Kiev. Milhões morreram a defender a Ucrânia e dezenas de milhões tombaram em defesa da Pátria Soviética, libertando a Europa.

Os herdeiros da besta nazi que se apresentam hoje como os verdadeiros nacionalistas ucranianos reclamam de novo – aos microfones da TV daquele País e das demais que vibram com a nova-democracia da moda – «a morte dos comunistas, judeus, e russos». São estes os “heróis” de Maidan, de Merkel e Obama.

A ocasião parece ser soberana para fazer com que a Ucrânia deixe de o ser. Há muito descontentamento neste País, justo, justíssimo, contra a oligarquia de Ianukovick, o actual presidente, como havia, justo, justíssimo, contra a oligarquia de Timochenko, ou de Iuschenko, seus antecessores. Um descontentamento terrível, de um povo traído sistematicamente pelas promessas de um paraíso que tarda em suceder-se à ex-União Soviética. Promessas que mais não têm significado que frio, fome, desemprego, doenças e abandono. Esse povo, esse descontentamento, não está nem esteve nas ruas de Kiev.

Apesar da terrível situação em que vive, o povo ucraniano não se revê nestes protestos nem nos seus objectivos fascizantes. O que os ucranianos querem e não têm é trabalho, prosperidade, meios para o desenvolvimento humano, económico e social, saúde e bem-estar, justiça e oportunidades.

Estes protestos não são expressão dessa exigência, não exprimem nenhum conflito de classe e são simplesmente uma convergência de oportunidade entre oligarcas, tecnocratas nacionalistas, fascistas e agrupamentos neo-nazis para promoverem um golpe de Estado. Convergência entre aqueles que já possuem, compram e vendem quase tudo: gás, políticos-tecnocratas, clubes de futebol, empresas de média, tribunais, polícia, banca; e o banditismo neo-nazi que vai fazendo o circo nas ruas e musculando a nova ordem. Convergência entre aqueles que têm feito da Ucrânia nos últimos 20 anos um retrato desastroso do que o capitalismo tem de mais mafioso, corrupto e desumano e os que defendem tudo isto somando o negro e vermelho do terrorismo nazi-fascista. Estão juntos para “libertar” a Ucrânia da sua honra e da sua História e preparados para construir a “democracia” começando com a proibição dos partidos políticos e a perseguição nas ruas a comunistas e judeus.

O golpe está consumado. UE, EUA, FMI e NATO podem começar a armar a sua oligarquia e impedir que povo ucraniano saia da crise para o lado certo. Está em marcha a nova ordem: Svoboda. É assim que re-começa o fascismo, quando o capitalismo em falência se organiza para endurecer a repressão e a exploração.

Toda a solidariedade aos comunistas ucranianos. Que resistam e ensinem como se resiste a mais uma geração de cobardes nazis.

* Autor Convidado
Zé Pedro