Enquanto o mundo observa horrorizado o vídeo da decapitação de um jornalista norte-americano às mãos de um dos grupos que, em tempos, fazia parte do grande “guarda-chuva” genericamente conhecido como “Exército Livre da Síria”, naquele país devastado do médio-oriente os bandos armados que foram financiados, armados e diplomaticamente protegidos pelos Estados Unidos e a União Europeia, em conjunto com as ditaduras reaccionárias do Golfo, continuam a matar impunemente. Segundo a agência Sana dois homens foram executados e crucificados na vila de al-Hisan, no distrito sírio de Deir Ezzor.
As vozes que outrora se levantavam clamando por uma intervenção armada dos polícias do mundo contra um exército que lutou e luta para decepar em definitivo as tentativas desestabilização da Síria calaram-se. Na verdade deveriam fazer-se ouvir de novo, pedindo desculpa à Síria, aos sírios e ao seu exército, acusado de atrocidades relativamente às quais, em regra, não existiram nunca provas algumas.
A Síria desapareceu das parangonas, deixou as capas dos jornais. Não sei se por ter deixado de vender ou se por vergonha daqueles que durante os dois primeiros anos do conflito armado no país tomaram sempre o partido de um dos lados: aquele em que se encontravam e encontram grupos armados de extrema-direita, financiados pelos plutocratas da região, protegidos pelo “ocidente”, e que agora são aparentemente combatidos no Iraque.
O que se passou na Síria, em especial nos anos de 2012 e 2013, foi (e é ainda) um crime monstruoso que o povo daquele país teve que combater por todos os meios e pagando o mais alto preço. O número de mortos é astronómico, as principais cidades do país estão devastadas, existem centenas de milhares de deslocados e toda uma geração de crianças profundamente marcada pela monstruosidade das acções do “ELS” e dos seus grupos aliados.
Aos sírios e às suas forças armadas a minha total solidariedade. O combate foi e será duro mas a razão reside inteiramente do seu lado.