Finalmente foi lançada luz sobre o colapso do BES. O BES emprestou quase mil milhões de euros à ESCOM, a tal empresa dos submarinos que trabalhou para os alemães e distribuiu uns milhões pelos empreendedores Espírito Santo a título de bónus, e essa empresa não pagou 60% do empréstimo. Significa que pagou menos de 400 milhões de euros por um total de quase 900. É mais ou menos o mesmo que dizer que recebeu 410 milhões de borla.
O Presidente da ESCOM Hélder Bataglia deu pistas sobre o sucesso da ESCOM, apesar de dar um prejuízo de 7 milhões de euros por dia. O sucesso é simples de explicar: a empresa não tinha capitais próprios, mas tinha crédito a custo negativo, ou seja, recebia dinheiro do BES e do BESA, mascarado de crédito.
E porque esse crédito não tinha garantias, nem colaterais, o BES não conseguiu cobrar os 410 milhões que faltam. O BES, dos Espírito Santo, não conseguem cobrar 410 milhões de euros à ESCOM, dos Espírito Santo. Tudo porque investiram o crédito todo que receberam nas pescas e na mineração de diamantes em Angola. E eis que, quando tudo parecia correr de vento em popa – como Hélder Bataglia várias vezes anunciou ao longo dos anos – as focas, sim as focas, comeram o peixe que era capturado pela ESCOM, criando um gigantesco prejuízo. Ficamos desde já a saber que o peixe não era carapau, porque um milhão de euros deve dar carapau de comer a focas durante uma ou duas décadas.
E os diamantes? Ah, os diamantes foram encontrados. Mas estavam debaixo de uma rocha que Bataglia descreve como “rocha estruturante” que dava pelo nome de “pragmatito” e essa rocha não dava para furar (os tipos vão à procura de diamantes a pensar que estão sob arenitos!?). Aproveito para esclarecer os leitores menos conhecedores da litologia ígnea que é bastante provável que Bataglia se quisesse referir a um pegmatito.
Focas e pragmatitos. Digam lá que o capital não é criativo!