O dom de Marcelo é ir a todo o lado sem nunca estar em lado nenhum. Omnipresente na comunicação social, falta à chamada sempre que o interesse nacional coincide com os interesses da classe trabalhadora. Onde está Marcelo quando as populações se batem pelos correios do povo? Porque não dá os seus «afectos» às quase 500 trabalhadoras da Gramax? Meio milhar de operárias com meses de salário em atraso defendem a dignidade e os postos de trabalho de um processo fraudulento de insolvência. Quando, em piquetes de 24 horas, à chuva e ao frio, desafiando a fome, a incerteza e muitos dramas familiares, as operárias da antiga Triumph impedem o roubo da maquinaria estão também a impedir a destruição do aparelho produtivo português. Porque será que Marcelo, sempre tão palavroso sobre moda, jogos de futebol, restaurantes e exercício físico, nada tem a dizer sobre esta matéria? Porque será que o Presidente, incansável na sua digressão afectiva, não vai a Sacavém?
Os lugares onde Marcelo não vai
