Comecemos por fazer uma citação: “Quando um país enfrenta um nível elevado de desemprego, a medida mais sensata que se pode tomar [sobre a subida do Salário Mínimo Nacional] é exactamente a oposta” – Pedro Passos Coelho, 6 de Março de 2013. Sim, esse mesmo Pedro Passos Coelho. O líder do partido que está no canto inferior direito do cartaz que se queixa… dos baixos salários. O governante que, nos últimos anos, mais atacou os salários dos portugueses, mais agravou os impostos sobre os rendimentos do trabalho, mais desprezou a situação social dos jovens do país, que mais os insultou e apoucou convidando-os a emigrar ou a aproveitar as “oportunidades” do desemprego!
Autor: Ivo Rafael Silva
Arrume a sua inteligência: o Observador tem um artigo para si
Por que razão nos espanta ainda o Observador? Por que motivo nos abalançamos ainda, cheios de pasmo ou indignação, sobre “conteúdos” que nem sabemos muito bem se na verdade são escritos se vomitados? Lamento, mas não tenho resposta. Sei que me senti hoje particularmente “brindado” com a partilha ostensiva de um artigo que é meio textual e meio fotográfico e cujo título efectivamente promete: «Arrume os livros de História. Há 20 factos históricos que não nos ensinam na escola».
No horizonte de 2017 só a luta
Fim de ano e aparecem os costumeiros balanços nos quais aparece alguém nas televisões e jornais a decidir por nós o que foi “bom” e o que foi “mau” nestes 366 dias. À excepção das tragédias e mortes, que por norma reúnem unanimidade, sempre aparecem os “mais” e os “menos” do ano, os “factos assinaláveis” e as “figuras marcantes”, exercícios subjectivos mas sempre orientados no sentido de transmitir determinada mensagem, de valorizar esta ou aquela ideia, esta ou aquela personalidade. É o produto desse “balanço”, tal como o que entra em todas as casas durante todo o ano, que conta e que marca. Chegará o dia de uma maior equidade e de uma maior justiça. Chegarão tempos de maior liberdade de consciência individual e colectiva. Chegarão tempos de menor formatação e maior dialética. Contudo, é praticamente certo que esses tempos não serão os de 2017. Ler mais
As Vénias da República
Marcelo, uma vez mais, não se conteve. Aliás, Marcelo nunca se contém. O seu conservadorismo, a sua idiossincrasia, o peso da formatação rígida de outros tempos há-de sempre sobrepor-se ao dever institucional. A sua fé, as suas paixões, os seus ídolos, tudo isso legítimo, mas tudo isso muito inapropriado e muito desenquadrado quando se é investido num papel para o qual se teve tempo e mais que tempo para se preparar. Pode considerar-se pura e insignificante minudência o gesto reverencial de Marcelo perante a rainha do Reino Unido e retratado pelas câmaras fotográficas de todo o mundo. Contudo, e especialmente no que diz respeito a Marcelo Rebelo de Sousa, por vezes é bem mais substancial e revelador um gesto, por simples que seja, do que o débito de um chorrilho de palavras a um qualquer microfone ou câmara de televisão.
Tio Zé Gomes Patinhas Ferreira
«Se é pelo agregado, facilmente se atinge os 500 mil euros». Fácil, fácil. Zé Gomes Ferreira pegou na máquina de calcular, fez as continhas, somou os bens da malta lá de casa e chegou facilmente aos 500 mil euros de património. Mas quem nunca? Ou melhor, quem não? Que família portuguesa não chega “facilmente” ao meio milhãozito? Todos. Toda a “classe média”. Com jeitinho, metendo de permeio até valores mobiliários, somando um RSI, uma prestação do abono de família e 5 euros saídos numa raspadinha, até os de “classe baixa” vão levar com imposto. E “facilmente”. Ainda que muitos insistam em denegrir a sua imagem, mais uma vez, Zé Gomes Ferreira aparece a defender os mais fracos.
O Piro-Esquerdista!
De pyrós, grego, que significa fogo. O fogo que conflagra, que arde, que queima e que se vê. E do fogo o calor, o calor vibrante da teoria consumida à letra, de fio a pavio, que apetece – apetece muito – espalhar aos quatro ventos de um feed, copiada, letra por letra, alheia aos tempos, aos modos, aos colectivos e aos espaços. O fogo da urgência que não cessa, de um ego que jamais se contém, de uma vontade férrea de ser farol na escuridão, de ser luz nas trevas, de ser salvatoris mundi! E fazê-lo desabridamente, aos olhos de todos, como projecto de vida, na magnificência de um mural de facebook, o trono dos novos tempos, onde se pavoneia a criatura em plena e definitiva majestas! Ei-lo, esse esquerdista pantocrator! O piro-esquerdista! Ou tão-somente, como lhe chamaria qualquer sábio ainda que iletrado, «o imbecil»!
Mais uma «liana» de PSD e CDS
Primeiro foi a mais que provável, adivinhável, programada queda do governo: não resultou. Depois foi a tentativa de granjear simpatias com a polémica dos colégios privados: também não lhes trouxe simpatias nenhumas, pelo contrário. A seguir vieram as sanções e as ameaças “da Europa” contra “o país”, contra o governo, numa “previsível catástrofe” que só se resolveria se Maria Luís Albuquerque “ainda lá estivesse”: também foi o que se viu. Ora, a que espécie de “liana” se hão de agora agarrar CDS e PSD, que navegam à vista, sem rumo definido, notoriamente incapazes de fazer oposição política com o mínimo de seriedade e bom senso? Quase que se podem ouvir as ordens a ecoar pelas paredes da São Caetano à Lapa: «Para atacar o governo, o PCP ou o BE qualquer coisa, pá! Qualquer coisa serve!»
Um presidente poupadinho e beijoqueiro
«Marcelo abdica de carro de 150 mil euros. Marcelo paga viagem do seu bolso. Marcelo jejua para poupar. Marcelo foi a França a pé. Marcelo vai ao Brasil a nado. Marcelo compra iogurtes no Lidl em final de prazo de validade. Marcelo desliga televisão na tomada para não gastar em stand-by. Marcelo promulga leis no papel que embrulhou o bacalhau. Marcelo só descarrega o autoclismo uma vez. Por semana. Marcelo desliga o carro nas descidas. Marcelo usa chinelos dos chineses. Marcelo não lava as cuecas todas as semanas. Marcelo vira-as do avesso.»