Autor: Miguel Tiago

Miró como punhos

Um membro da aristocracia espanhola pediu ao antigo BPN um empréstimo de vários milhões de euros e deu como garantia uma colecção de obras de arte da autoria de Miró. Como um dos créditos que levaram o BPN à falência era esse, a “nacionalização” do BPN integrou a colecção num perímetro de activos que resultavam do antigo BPN. Esses activos estão, ainda hoje, ao cuidado de duas empresas públicas: a PARVALOREM e a PARUPS, dirigidas politicamente pelo Governo a quem prestam contas.

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Património é História. A História não se privatiza.

A cultura e o património devem ser vistos como um elemento que potencia o turismo, o que é muito diferente de dizer que devem ser geridos como as atracções de um parque de diversões.

Os vários Governos, dirigidos pelos partidos de organização e orientação burguesa – PS, PSD e CDS – têm vindo a conceber a política de cultura e património alinhados com a tendência que vai marcando as grandes capitais europeias, ou seja, a da gestão do património e das manifestações culturais como se de meras atracções turísticas se tratassem. Além de ser uma perspectiva redutora do potencial das expressões culturais e do património, é uma política que resulta na mera mercantilização do património. Se o património e os hábitos e tradições se tornam meras atracções, as pessoas tornar-se-ão figurantes.

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Sobre o glifosato e a Bayer.

Desculpem-me os leitores do manifesto74 por vir usar o vosso espaço com uma clarificação que passa perto de uma defesa pessoal, mas que, como compreenderão, é não só necessária, como colectiva.

O jornal i decidiu, no âmbito da campanha mediática em curso contra a solução governativa para que o Partido Comunista Português contribuiu, fazer uma delirante notícia com direito a meia capa. O correio da manhã, esse produto tóxico em papel que devia constar na categoria 2A da classificação da IARC – International Agency for the Research on Cancer – acompanhou de imediato. A origem da notícia está numa abstrusa manipulação de um artigo que escrevi neste blog levada a cabo por militantes e dirigentes do BE nas suas páginas de Facebook, onde me acusavam de insinuar que o BE teria recebido dinheiro da Bayer para propor a proibição do Glifosato. O i e o CM limitaram-se a aproveitar a boleia.

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Glifosato fora de moda

Agora será má altura para relembrar que a Bayer comprou a Monsanto por 60 mil milhões de euros, depois de ter sido levada a cabo uma campanha de alarme em torno do principal activo da Monsanto – o glifosato e as culturas transgénicas tolerantes a esse herbicida -, mas ainda assim, porque só com as peças todas podemos montar o puzzle, aqui vai:

A Monsanto produziu o roundup (glifosato) e ao mesmo tempo vendeu milhões de sementes tolerantes ao químico, dominando assim uma importante parte da agroindústria e da produção de alimentos. A Monsanto detinha a patente das variedades transgénicas tolerantes ao herbicida e ao mesmo tempo a patente do herbicida. As variedades não eram resistentes a pragas, como muitos tentaram fazer-nos crer, mas sim ao roundup. A patente do glifosato expirou em 2001, e isso permitiu que fosse possível produzir e utilizar glifosato com custos muito menores, continuando a usar variedades vegetais resistentes ao herbicida.

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Terá o idealismo raízes no materialismo? (ou "O pateta que insiste")

Confesso que tenho muita dificuldade em discernir qualquer linha de pensamento dos arrazoados simplistas com que José Rodrigues dos Santos insiste em fundamentar uma atoarda que lhe terá saído mal. Das duas uma, ou JRS é ignorante ao ponto de insistir porque julga que tem razão, ou JRS está profundamente comprometido com a linhagem teórica do revisionismo histórico em curso que tenta a todo custo aproximar o marxismo do fascismo. Ou ambas, que é uma coisa que JRS ainda não alcançou: a dialéctica.

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A ignorância de José Rodrigues dos Santos

Como é que é possível este ignorante dizer estas barbaridades!?

“Descobriu algo sobre o início dos totalitarismos que o tivesse surpreendido?

Uma das coisas que hoje não se sabe, mas que é verdadeiro, é que o fascismo é um movimento de origem marxista. Pouquíssima gente sabe isto. Em certos aspetos, é mais ortodoxamente marxista do que o comunismo. Por exemplo, a crença que os fascistas tinham de que não era possível haver revolução do proletariado sem capitalismo. Isto é marxismo ortodoxo. Marx disse: “Passa-se do feudalismo para o capitalismo e são as contradições do capitalismo que vão conduzir ao comunismo”. Portanto, sem capitalismo não há comunismo.” in Jornal i

Dei-me ao trabalho de fazer uma coisa que nem queria: traduzir Mussolini e Gentile para Português. Aqui fica a minha tradução do “Doutrina do Fascismo”, Mussolini 1932:

“Rejeição do Marxismo

Tal concepção de vida [espiritual e anti-pacifista], faz do Fascismo a resoluta negação da doutrina do chamado socialismo científico e Marxiano, da doutrina do materialismo histórico que explica a história da humanidade nos termos da luta de classes e por alterações nos processos e nos meios de produção, excluindo tudo o resto.

As vicissitudes da vida económica – descoberta de matérias-primas, novas técnicas, e invenções científicas – têm a sua importância, ninguém o nega; mas que são suficientes para explicar a história humana ao ponto de excluir os outros factores é absurdo. O Fascismo acredita agora e sempre na santidade e no heroísmo, que é o mesmo que dizer que há actos em que nenhum interesse económico – remoto ou imediato – se afirma. Tendo negado o materialismo histórico, que vê nos homens meras marionetas na superfície da história, que aparecem e desaparecem na espuma das ondas, subordinados às verdadeiras forças, o Fascismo também nega o carácter imutável e irreparável da luta de classes que resulta dessa visão da história; acima de tudo, o Fascismo nega que a luta de classes seja um agente preponderante nas transformações sociais.”

Erro de paralaxe

O erro de paralaxe é o erro que corresponde à aparente variação de posição de um determinado objecto em função da posição do observador. Na política, todos somos afectados por esse erro. Cada um de nós, combatendo ou não esse efeito, interpreta o mundo e os fenómenos políticos em função da perspectiva, do posicionamento político, da posição de classe social que integra ou com que se identifica. Mesmo podendo separar os campos de interpretação em duas grandes áreas de perspectiva: a idealista e a materialista, dentro de cada uma dessas áreas, cabem interpretações várias de um mesmo fenómeno.

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80 500 euros ano/turma

A Comissão Europeia, uma cúpula não eleita que dirige a União Europeia, tem um organismo composto por gente não eleita que é dotado de poderes que se sobrepõem aos dos estados, aos dos governos de cada país, aos das assembleias democraticamente eleitas em cada estado. A juntar a isso, cada país tem também um banco central, como o Banco de Portugal, igualmente não eleito nem controlado por ninguém. A não ser pelos Bancos privados, claro.

Esse tal organismo da Comissão Europeia, a Direcção-Geral da Concorrência (DGComp), também se lhes sobrepõe.

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